Modelo de negócio assente na formação
O modelo de negócio do Sporting tem de assentar na formação, afirma Francisco Salgado Zenha, administrador financeiro da Sporting SAD. Em entrevista à CNN Portugal, Salgado Zenha lembra que, apesar de Portugal ter apenas a 20ª maior economia da Europa, o futebol português compete por um dos sete primeiros lugares no ranking da UEFA, graças à capacidade de formar jogadores.
O nosso modelo de negócio tem sido assente na formação e esse é o nosso da ADN. Aliás, nós em 2018, quando tivemos de fazer essa redução de custos, o natural foi ir apostar na formação e voltar às nossas origens, coisa que nós sentimos que não estava a acontecer como devia estar, explicou Salgado Zenha.
Formação é a chave para competir com as grandes ligas
O responsável financeiro dos leões argumenta que esta aposta na formação é o que permite a Portugal, com uma economia relativamente pequena, competir com os sete países que têm as maiores economias da Europa no futebol. Nós temos hoje uma Liga que é sétima do ranking europeu da UEFA e que esteve a concorrer, nos últimos cinco ou mais anos, com sete grandes economias europeias: as ligas top-5, mais a Rússia, os Países Baixos. A Rússia agora saiu, mas estas oito Ligas andaram a concorrer por sete sete lugares, sendo que os outros sete países são as sete maiores economias europeias. Curiosamente nós somos a 20ª.
Salgado Zenha dá ainda outro exemplo que ilustra a qualidade da formação em Portugal: A seleção portuguesa é a quarta mais valiosa do mundo e nós somos a 47ª economia mundial. A seleção portuguesa é composta por jogadores formados nos clubes portugueses, e o Sporting tem uma quota-parte importante dessa formação. Portanto, o modelo está aqui e nós fazemo-lo bem. Porque é que temos de fugir a isso? Não temos de fugir. O nosso modelo desportivo e económico deve ser assente da formação.
Melhorar a experiência do adepto
O administrador financeiro da Sporting SAD reconhece que, além da formação, o clube precisa também de melhorar a vertente do entretenimento e a experiência dos adeptos e sócios. O negócio de futebol, nós já o fazemos bem. Aquilo que temos mesmo de melhorar, e não são só os clubes portugueses, nem só o Sporting, é melhorar e ser mais eficientes no modelo do entretenimento, melhorar muito a experiência do adepto, a experiência do sócio, porque é isso que nós hoje não fazemos como queremos ainda.
Conclusão do processo de reestruturação financeira
Salgado Zenha recorda ainda que, até há pouco tempo, o Sporting tinha um acordo muito castrador com os bancos credores, que controlavam o orçamento do clube e ficavam com grande parte das receitas, incluindo das vendas de jogadores. Era um acordo muito castrador e, portanto, é com a conclusão desse acordo e com a conclusão deste processo de reestruturação financeira que hoje temos mais oxigénio. Os bancos não só controlavam o orçamento, como também ficavam com parte da receita, quando, por exemplo, o Sporting vendia um jogador. Isso já não é assim.
Agora, com a conclusão do processo de reestruturação financeira, o Sporting pode focar-se em aproximar-se dos principais clubes europeus, sendo um clube vendedor para ser cada vez mais competitivo na Europa. No entanto, Salgado Zenha reconhece que o clube ainda tem muito trabalho a fazer para atingir esse objetivo, dando o exemplo de que um clube inglês do meio da tabela fatura o dobro ou o triplo do Sporting em receitas operacionais.