Um sábado especial em Alvalade
Este sábado encerra a Liga com a entrega do troféu de campeão ao Sporting no Estádio José Alvalade, no jogo com o Chaves – o campeão contra o último já despromovido. Esta descida confirma um dos maiores problemas deste país, a que aqui já foi feita referência a propósito do gasto e descabido discurso Norte/Sul: a ausência de referências e oportunidades no interior esquecido, agora também no futebol, que se prepara para uma temporada 2024/2025 sem representantes dos distritos interiores; pelo menos as ilhas voltam ao mapa da Liga. Um dia especial em Alvalade, mais um capítulo na festa que começou na noite de domingo 5 de maio. Há ainda a Taça de Portugal para «rebentar com eles», como pediu Frederico Varandas num discurso interno que saltou para a praça pública. Mas, independentemente desse resultado, o Sporting nesta altura parte como favorito para a nova temporada.
O Sporting lidera a preparação da nova época
É normal considerarmos que o campeão é o principal candidato. Mas não é apenas por passar a usar o escudo na camisola que o leão assume nesta altura essa condição: é porque realmente parte à frente da concorrência (mesmo a mais rica e que pode inverter tendências com aquisições sonantes, embora muitas vezes pouco produtivas) – não deite tudo a perder Rúben Amorim, com nova viagem para onde quer que seja, e meio defeso está cumprido. É que enquanto os rivais se entretêm a discutir o fica-não-fica de Roger Schmidt e de Sérgio Conceição, os verdes e brancos já têm a mão em mais de metade dos reforços programados: o guarda-redes, embora ainda no segredo da SAD, está identificado e quase assegurado; o central, o belga Zeno Debast, está contratado mesmo antes do Europeu, onde poderia valorizar-se e ficar mais caro e inacessível; o avançado Fotis Ioannidis é negociado mesmo para coabitar com Jordan Pinheiro Gyokeres; falta o extremo – e as eventualidades nas saídas. A administração de Varandas aprendeu com o erro do verão de 22, em que houve mais saídas importantes do que entradas empolgantes... E as saídas anunciadas de João Palhinha e de, sobretudo, Matheus Nunes, já sem tempo de, sequer, remediar a situação, precipitou o descalabro que acabaria no 4.º lugar.
Movimentações agitadas nos rivais
Enquanto em Alvalade a preparação da nova época está já em velocidade cruzeiro, na Luz e no Dragão as águas da velha época ainda estão muito agitadas. O silêncio de Rui Costa, mesmo que se prepare para manter o alemão Roger Schmidt, deixou em lume alto e durante muito tempo o treinador, que ficará em xeque ao primeiro desaire, devido a uma relação com os adeptos em que o presidente raramente o defendeu. As armadilhas que Pinto da Costa deixou a Villas-Boas, com renovações a destempo, complicam a vida a quem está a começar. E o que era normal acontecer em Alvalade transfere-se agora para a casa dos rivais...