Quando em março de 2020 Frederico Varandas avançou destemido para a contratação de Rúben Amorim ao SC Braga, um grande amigo meu, adepto doente dos arsenalistas, lamentava uma perda tão grande do ponto de vista da comunicação:
«Por vezes é pela boca que morre o peixe. No caso do Rúben é ao contrário, é a maneira como fala e pega nos assuntos que o torna num líder excecional.»
Os que vaticinaram uma mudança de estilo com o salto para um dos grandes enganaram-se. Mais pressão num clube com a singularidade do Sporting não resultou em mudança de personalidade por parte do treinador nem ‘brutalizou’ o seu discurso.
Um líder excecional
De 2020 a 2024, nos bons e maus momentos, sempre ouvimos um Rúben Amorim franco na abordagem de todos os temas — até dos mais incómodos que dão jeito a certa comunicação dos clubes despachar para debaixo do tapete. É um homem de ideias firmes, como já o era quando vindo da equipa B trouxe renovada chama ao futebol do SC Braga e conquistou a Taça da Liga. Fê-lo com a mesma roupagem tática que é a imagem de marca do seu sucesso nos leões e, inevitavelmente, o torna um treinador apetecível na Premier League.
O futuro no Liverpool
Prestes a ganhar o seu segundo campeonato no Sporting, a despedida está próxima e o Liverpool, salvo algum recuo pouco provável nesta fase, será o seu destino. Teremos o mesmo Rúben Amorim a falar de tudo, como os ingleses tanto gostam, e como ele tão mal nos habituou.
Essa forma de estar na vida, agarrando com paixão cada palavra dedicada ao futebol, não se ensina nos manuais. Vem do coração e também de convicções forjadas numa carreira como jogador em que lidou com líderes excelentes e outros que eram o oposto do que ele queria ser. Provavelmente, aprendeu mais com estes últimos...