O futebol português inicia um novo capítulo nas suas finanças, com mudanças significativas nas operações financeiras. O diretor financeiro da SAD do FC Porto, Pereira da Costa, partilhou com O JOGO as estratégias que permitiram uma abordagem agressiva na aquisição de reforços. Com um investimento perto dos 100 milhões de euros, especificamente 94,35 milhões, o clube procura corrigir lacunas no seu plantel.
Pereira da Costa sublinhou que estas contratações robustas são um reflexo dos resultados positivos do exercício de 24/25, onde se verificou um aumento nas receitas comerciais. “Vem dos resultados positivos do exercício de 24/25, com o aumento de receitas comerciais, envolvendo campanha de sócios, lugares anuais, bilhética e Corporate Hospitality”, explicou o diretor financeiro. Este aumento nas receitas, aliado a uma gestão financeira cuidada, possibilitou um investimento consolidado, permitindo que o FC Porto cumpra os indicadores de sustentabilidade financeira da UEFA.
Superação das Restrições Financeiras
Apesar das perguntas sobre como foram superadas as restrições financeiras, Pereira da Costa esclareceu que as janelas de mercado de verão de 2024 e janeiro de 2025 foram cruciais. “Estas janelas traduziram-se em receitas de vendas na ordem dos 172 milhões de euros, permitindo um reinvestimento de apenas 42 milhões no plantel”, afirmou. Esta estratégia fez parte de um plano financeiro mais amplo, que inclui a venda de ativos valiosos e uma gestão rigorosa das despesas.
O diretor financeiro destacou ainda a conclusão da operação de venda de 30 por cento da exploração do estádio à Ithaka, que viu o valor da negociação passar de 65 para 100 milhões de euros, com o primeiro pagamento a aumentar de 40 para 50 milhões de euros. “Esta reestruturação permitiu ao FC Porto aliviar a pressão financeira e fazer contratações agressivas no mercado de transferências”, afirmou Pereira da Costa.
Investimentos em Reforços
A época de verão foi marcada por investimentos significativos, com o FC Porto a gastar quase 100 milhões de euros em reforços. O jogador mais caro adquirido foi Victor Froholdt, vindo do Copenhaga. “Contratado ao Copenhaga, Victor Froholdt, de apenas 19 anos, tornou-se o 3º jogador mais caro da história do FC Porto, valendo um investimento de 20 milhões, que já tem sido rentabilizado nas quatro linhas”, comentou Pereira da Costa.
Além disso, o FC Porto beneficiou de vendas lucrativas, como as saídas de Nico, por 60 milhões de euros, e Galeno, por 50 milhões de euros, que foram essenciais para o investimento realizado. “Este é um investimento consolidado que permite que o FC Porto cumpra os indicadores de sustentabilidade financeira da UEFA”, concluiu o diretor financeiro, expressando otimismo em relação à continuidade da recuperação financeira do clube.
O Braga em Ascensão
Por outro lado, o SC Braga também tem se destacado no cenário financeiro europeu, beneficiando de uma gestão cuidadosa. Um estudo da Football Benchmark colocou o Braga em sétimo lugar num ranking europeu, com um lucro médio de 11,2 milhões de euros por época entre 2018 e 2024. Esta conquista é resultado de um trabalho sólido, sustentado por vendas extraordinárias, como a de Roger, que gerou 32 milhões de euros.
A robustez financeira do Braga foi ainda mais evidenciada pela afirmação de que “os 32 milhões amealhados com Roger, prodígio feito em casa, sendo o sucesso da operação o êxito de uma história de vida, atestam um caminho sólido e revelador”. A valorização de ativos não diminuiu a competitividade desportiva do clube, demonstrando que é possível conciliar sucesso financeiro com performance nos relvados.
Um Modelo a Seguir
Com a operação de Roger, o Braga não só conseguiu beneficiar de créditos de 41,9 milhões de euros, mas também mostrou que a valorização de ativos pode coexistir com uma abordagem desportiva competitiva. A experiência do Braga pode servir de modelo para outros clubes que buscam um equilíbrio entre investimento e retorno financeiro num mercado em constante mudança.
Esta abordagem estratégica coloca o Braga numa posição privilegiada, e outros clubes podem aprender com a sua experiência, garantindo assim uma sustentabilidade financeira e competitividade a longo prazo no futebol português.