Restabelecer a solidez financeira
O trajeto de credibilização do FC Porto passa, em grande medida, pela restituição da sua condição de instituição financeiramente sólida, cumpridora das suas obrigações perante os seus stakeholders, transparente nos procedimentos internos e nas operações em que está diretamente envolvida. O ecossistema de negócios e transações no universo do clube deve, por isso, decorrer em ambiente de transparência, sem neblinas ou nublosas, isto, a bem da marca Porto e sobretudo da relação de confiança que é devida na interação com os associados e adeptos do clube.
Reforçar a credibilidade junto dos parceiros financeiros, sejam eles investidores a título individual, entidades bancárias, sponsors ou sociedades de investimento, é um elemento fundamental para que o FC Porto encontre à sua disposição soluções inovadoras face às exigências de financiamento que a atividade de um grande grupo empresarial irremediavelmente requer. Sem as contas em ordem e a tesouraria livre de permanentes ónus e encargos, o clube corre sérios riscos de, internamente, perder argumentos na dimensão desportiva face aos seus rivais diretos e ver substancialmente diminuída a capacidade de se bater, cara a cara, com os adversários no contexto internacional.
Cumprir as regras da UEFA
Ademais, é fundamental colocar um término em todas as pendências que possam eventualmente pôr em causa o cumprimento das regras de monitorização da UEFA, que, em caso de incumprimento, acarretam consequências sancionatórias que podem significar o impedimento de participação em provas europeias. Para voltar a vencer com regularidade dentro de campo, o clube deve manter firme o compromisso de reequilíbrio financeiro — dimensão que foi descurada nos anos mais recentes.
Melhorias no primeiro semestre 2024/2025
A informação mais recente vertida no relatório e contas, relativa ao primeiro semestre da época 2024/2025, denota uma tentativa de inversão daquela trajetória. Ali, confirma-se que o FC Porto fechou o período com um resultado líquido positivo de 334 mil euros e uma melhoria substancial dos capitais próprios, além de ter recuperado 66,4 milhões de euros nos capitais próprios consolidados.
Na dimensão dos custos operacionais, sublinha-se a redução de 43,1 para €38,3 M dos custos com pessoal, estando aqui considerados os gastos salariais relativos aos plantéis de futebol entre outras estruturas de colaboradores das demais empresas do grupo. Estas rubricas diminuíram €4,8 M face ao período homólogo, uma redução de 11% que assenta essencialmente na diminuição em €3,9 M das remunerações atribuídas a atletas e equipas técnicas, mas também na redução em cerca de €1 M dos custos com os órgãos sociais do grupo. Confirma-se ainda a contenção de custos com pessoal atinente ao Porto Canal, ainda que compensados com o aumento de outras estruturas desportivas, nomeadamente a que se relaciona com o futebol feminino.
Aumento de receitas de bilheteira
Ao nível dos proveitos operacionais, com merchandising, publicidade e outras prestações de serviços a registarem variações mínimas, o mais relevante está relacionado com a rubrica de bilheteira, que aumentou 33%, quase €2 M, de 5,9 para €7,8 M. As receitas nesta rubrica, que englobam a comercialização de lugares anuais e tickets vendidos por jogo, conheceram um incremento de €1.965M, quando comparado com o período homólogo (+33%). Até 31 de dezembro de 2024, tinham sido vendidos mais de 28.000 lugares anuais, o que representa um incremento de 22,1% face ao mesmo período da época transata.
Vendas de jogadores
No que concerne a receitas com transações de passes de jogadores, estas atingiram os €51 M, essencialmente realizados na venda de Evanilson ao Bournemouth, por €37 milhões, e de Toni Martínez ao Alavés, por €2 milhões. As verbas referentes às saídas de Galeno (€50 M) para o Al Ahli e de Nico González (€60 M) para o Manchester City ainda não estão contempladas neste exercício.