A derrota pesada do FC Porto frente ao Benfica no Estádio da Luz deixou marcas profundas nos adeptos azuis e brancos, pouco habituados a ver a equipa sofrer tantos golos nos clássicos. Desde a temporada de 1975/76, com Monteiro da Costa e Branko Stankovic ao comando, que os dragões não encaixavam nove golos nos três primeiros jogos da época contra os principais rivais, mas estes números são apenas uma consequência dos problemas que três adeptos portistas identificaram na equipa.

Por isso, o consultor Luís Folhadela Rebelo partilha a ideia de que a margem de erro do treinador interino Vítor Bruno está em fase descendente, apesar de uma pré-época prometedora e da conquista da Supertaça que fez o universo portista sonhar com o campeonato e a Liga Europa.

«Não vi fio condutor no jogo»

Na análise ao clássico da Luz, Massada, médica, não viu «um fio condutor no jogo» dos azuis e brancos. «Todos acordámos mal dispostos e esperamos que a equipa esteja tão mal disposta como nós», afirma. Já Álvaro Magalhães, escritor e membro do Conselho Superior do FC Porto, garantiu ter encontrado no Benfica «a garra e vontade» que eram «um suplemento de força» em falta nos dragões. «O nível foi muito baixo, quase zero», aponta.

Margem de erro a "estreitar-se"

Luís Folhadela Rebelo, que também faz parte do Conselho Superior do FC Porto, espera que o «raspanete» dado por André Villas-Boas ao grupo no balneário seja «um toque de alerta» para o futuro. «No confronto direto com os principais candidatos ao título, o FC Porto deu uma imagem muito pálida e amorfa», nota o consultor. «Há que arrepiar caminho», acrescenta, em jeito de conclusão.

Segundo Luís Folhadela Rebelo, o treinador interino ainda está a tentar encontrar o modelo de jogo e, particularmente, um meio-campo. Além disso, a equipa muito jovem carece de uma voz de comando, notando-se «uma incapacidade inata para subir» quando está pressionada, principalmente em jogos com adversários mais difíceis.

«Nem devia ter sido preciso esse "raspanete"»

O consultor espera que o «raspanete» de Villas-Boas marque «um antes e um depois». «Sinceramente, nem devia ter sido preciso esse "raspanete". Estamos a meio da novembro e começa a ser mais do que tempo de a equipa ter um jogo estabilizado, capacidade para controlar o jogo e, às vezes, até algum compromisso, atitude e raça, que são o ADN Porto», afirma.

Quanto à margem de erro de Vítor Bruno, Luís Folhadela Rebelo considera que «está a estreitar-se» depois das exibições «pálidas e amorfa» no confronto direto com os principais candidatos ao título. «Tudo bem que o Sporting tem mais rotinas, é campeão, e que o Benfica tem um bom plantel. Mas as exibições não espelham a diferença de qualidade das equipas. Além disso, o desempenho europeu tem sido algo confrangedor. Por isso, a margem de erro está a estreitar-se e há que arrepiar caminho.»