Liquidez em mínimos históricos quando nova administração tomou posse
José Pedro Pereira da Costa, diretor financeiro da SAD do FC Porto, apresentou na passada sexta-feira as contas da época 2023/24 e começou por destacar os «mínimos históricos» de liquidez que a nova administração encontrou quando tomou posse.
«Quando esta administração tomou posse, a liquidez que tínhamos estava em mínimos históricos. Não havia nenhum processo de financiamento em curso para aceder a liquidez. A única operação em curso era da Ithaka, que só teria impacto em outubro, como acabou por acontecer», explicou o dirigente azul e branco.
Défice de mais de 80 milhões de euros entre passivo e ativo
Pereira da Costa destacou também um défice de mais de 80 milhões de euros entre o passivo e o ativo. No próximo ano, o FC Porto tem de pagar cerca de 93 milhões de euros a clubes e agentes, enquanto deve receber 7 milhões de euros. Para combater esta diferença, a SAD azul e branca já tem operações bancárias em curso.
«Temos de gerar liquidez para fazer face a este défice. Temos operações de financiamento em curso, numa das quais estamos a visar prazos de reembolso muito longos que nos vão ajudar a equilibrar a empresa. A única forma de resolver isto a curto prazo é aceder a dívida que nos permita pagar outras dívidas. E refinanciar os prazos mais longos a custos mais baixos», vincou.
Recuperar credibilidade junto de parceiros
O diretor financeiro da SAD do FC Porto garantiu que quer que o clube volte a pagar aos fornecedores em dia e revelou como a administração tem lidado com os problemas financeiros.
«Afeta a atividade diária ter credores a exigir dívidas todos os dias. Há uma falta de tempo disponível, perdemos muito tempo. Os meus colegas recebem dívidas do fornecedor X que está em dificuldades e precisa de pagar salários todos os dias nas respetivas áreas, o que não é desejável. Relativamente aos clubes a quem devemos por transferências de jogadores, é uma área exigente, são pagamentos imperativos. Os pagamentos a fornecedores - e daí estes saldos em atraso - não fazem parte do controlo da UEFA, mas os atrasos implicam negociar prazos de pagamento e dívida vencida. Tudo isto é tempo perdido que poderia ser usado de forma muito mais produtiva se fôssemos um clube normal», admitiu.
«Olhando para o lado positivo, vale a pena destacar a paciência e a colaboração que temos vindo a receber dos nossos parceiros e clubes de futebol, muitos dos quais têm alargado os prazos de pagamento. Inicialmente, tínhamos 12 milhões de euros [para pagar] imediatamente em maio, mais 16 [milhões] em junho. Cumprimos o controlo de junho, sem pagar cem por cento do que tínhamos de pagar, uma parte foi diferida. Houve paciência e colaboração. Estamos a recuperar a credibilidade junto dos nossos parceiros, avisando da dificuldade e procurando assegurar prazos exequíveis», concluiu.