Pinto da Costa recusa-se a recandidatar-se à presidência do FC Porto
Em março de 2023, Pinto da Costa, presidente do FC Porto, surpreendeu o mundo do futebol ao anunciar que não se iria recandidatar à liderança do clube, após 42 anos no cargo. O histórico dirigente revelou esta decisão na sua autobiografia "Azul até ao fim", explicando que pretendia "terminar a [sua] missão" e dar lugar a uma nova geração de liderança.
Contudo, essa decisão acabaria por ser revertida, com Pinto da Costa a concorrer novamente e a vencer as eleições, derrotando o candidato André Villas-Boas.
Tensão entre Pinto da Costa e Sérgio Conceição
Outra decisão polémica anunciada por Pinto da Costa na sua autobiografia foi a de não renovar o contrato com o treinador Sérgio Conceição. Tal deveu-se a declarações do técnico após um jogo do FC Porto diante do Inter de Milão, que não agradaram ao presidente.
«Muitas vezes, andamos aqui às voltas do meu silêncio, do ruído que existe no futebol e tudo o que temos feito aqui parece que depois é zero. Tudo o que fazemos com 30 por cento do plantel da equipa B, outros 40 por cento que vieram de equipas médias como Santa Clara, P. Ferreira, Famalicão, Rio Ave e, depois, o mérito é zero. Falam do Otávio, do Taremi que se atira para o chão, do Sérgio Conceição que é um arruaceiro… Enfim, daí o meu silêncio. Desculpem o desabafo, mas é preciso mais de toda a gente do futebol português», declarou Sérgio Conceição.
Acusações de Pinto da Costa sobre contratações
Pinto da Costa acusou ainda Sérgio Conceição de "pressão" na contratação de jogadores que considerou "ruinosos" para as contas do clube, como José Luís e Nakajima.
«Ficámos, a dois dias do prazo dado pela UEFA, num dilema — ou vendíamos o passe de um jogador ou não íamos às competições europeias. Esta segunda solução, para mim, era inaceitável. Já tinha avisado os meus colegas que se tal acontecesse me demitiria. E expliquei-lhes que não havia outra solução, pois essas dívidas eram fundamentalmente por dois atos de gestão ruinosos: a compra do José Luís e do Nakajima. Não servia de desculpa a pressão que o treinador nos fez para a compra desses jogadores, porque os culpados fomos nós em ceder a essa pressão», escreveu Pinto da Costa.
Reversão da saída de Sérgio Conceição
Apesar das divergências, Pinto da Costa acabaria por renovar o contrato de Sérgio Conceição por mais quatro temporadas, revertendo a decisão inicial de não o fazer.
«A minha última aposta como treinador foi Sérgio Conceição, então treinador do Nantes. Contra a vontade de muitos, assumi essa contratação, na certeza de que triunfaria, como felizmente triunfou. Mas, porque faço da lealdade uma condição essencial para conviver, depois das declarações de Sérgio Conceição após o jogo FC Porto-Inter, não tenho condições de pensar em renovação, e depois desta desilusão, disse a mim mesmo: basta! Vou sair de consciência tranquila e continuarei a fazer o melhor que possa pelo amor da minha vida – o FC Porto», escreveu Pinto da Costa.
Conclusão
A autobiografia de Pinto da Costa revelou momentos marcantes da sua longa presidência do FC Porto, com decisões polémicas que acabariam por ser revertidas, nomeadamente a não recandidatura à presidência e a não renovação com o treinador Sérgio Conceição. Apesar das tensões, Pinto da Costa acabaria por manter o técnico no clube, reforçando a sua longa ligação ao FC Porto.