Obra compila textos diários nos últimos 3 anos
Pinto da Costa, o histórico ex-presidente do FC Porto, apresentou o seu novo livro "Azul até ao fim" na Alfândega do Porto, perante cerca de mil pessoas. A obra, editada pela Contraponto, estará à venda a partir de segunda-feira e compila diversos textos diários escritos nos últimos três anos, desde que Pinto da Costa soube que convivia com um tumor na próstata.
«Decidi escrever para me confortar»
É um grande choque e emoção [receber a notícia da doença]. Quem já passou por isso, sabe o que significa. Quem não passou, espero que nunca passe. A partir daí, as decisões que tomei foram do fundo do meu coração. Resolvi escrever para mim, porque era uma maneira de desabafar e me confortar, explicou o agora líder honorário do FC Porto, de 86 anos.
Capa chocou algumas pessoas
Pinto da Costa mostrou-se grato pelo seu percurso de vida, afirmando que o livro «está a ter uma boa aceitação» e que, «antes de ter saído, já está na segunda edição». O ex-presidente do clube portista disse ser da sua inteira autoria a capa do livro, na qual surge apoiado num caixão adornado com a bandeira do FC Porto, clube que conduziu ao longo de 15.355 dias, e entre todos os escalões, à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.
Sei que a capa chocou algumas pessoas. Tive de fazer uma nota prévia sobre essa escolha feita por mim para que as intenções da editora não fossem mal interpretadas, vincou Pinto da Costa, lembrando os 62 anos passados em vários cargos diretivos dos 'dragões'.
Quer funeral com "toda a gente vestida de azul"
Convicto de que a morte deve ser encarada «com naturalidade» em vez de «desgraça ou fatalidade», Pinto da Costa identificou na obra quem quer e não quer no seu funeral, excluindo, entre outros, os corpos sociais da direção liderada por André Villas-Boas, com quem perdeu nas eleições mais participadas da história do FC Porto, findando 42 anos e 15 mandatos seguidos na presidência do clube.
Não é porque lhes queira mal ou por corte de relações, mas sei que a presença de alguns daqueles que eu cito iria certamente criar incómodo naqueles que me conhecem. Por isso, escrevi e peço não quero ninguém de preto, em sinal de luto e tristeza. Quero toda a gente vestida de azul por três razões: é cor do céu, do manto de Nossa Senhora e do FC Porto, apontou.
Elogios a Fernando Madureira
Alguns ex-futebolistas do clube, como Hélton, Maniche, Eduardo Luís, António André ou António Sousa, também são descartados das cerimónias fúnebres por Pinto da Costa, ao contrário de um ciclo restrito de amigos, nos quais se inclui Fernando Madureira, ex-líder da claque Super Dragões, que está em prisão preventiva há nove meses, no âmbito da Operação Pretoriano, e Sandra Madureira, sua mulher e outra arguida desse processo.
A única coisa que qualquer pessoa consegue fazer sozinho é asneiras. Quem quiser construir algo de positivo, útil e importante para os outros tem de estar bem acompanhado. Houve pessoas que, infelizmente, não podem estar aqui, mas foram importantes para o FC Porto e para as suas vitórias. Refiro-me ao Fernando Madureira, observou Pinto da Costa.