Vítor Bruno estava naturalmente feliz com a reviravolta do FC Porto contra o Sporting, que permitiu ao técnico conquistar a Supertaça Cândido Olvieira, o seu primeiro título na carreira como treinador principal e o primeiro título da época para os dragões. O treinador de 41 anos reconheceu, na conferência de imprensa, que os azuis e brancos tiveram alguma felicidade na forma como marcaram o quarto golo, mas frisou que a equipa foi atrás dessa felicidade, até pelas mexidas a partir do banco.
«Senti a equipa perdida em campo»
«Senti a equipa perdida em campo. Faltou voz ao treinador naquele momento para tentar serenar. Sofremos o 3-0 e depois aí, a seguir ao 3-0, o momento do jogo decisivo foi quando fizemos o 3-1. A equipa estabilizou, o momento no balneário foi importante. Tentámos corrigir o que estava a acontecer e que os jogadores agarrassem o que é a nossa ideia. Quem veio de fora acrescentou valor e essa é uma mensagem forte para dentro, para que todos percebam que são importantes, independentemente de quantos minutos joga.»
Domínio na segunda parte
A segunda parte foi dominada pelo FC Porto, que chegou ao empate e ainda viu um golo ser anulado. No prolongamento, com «alguma felicidade», os dragões conseguiram a reviravolta final, com o 4-3.
«A segunda parte é nossa, temos um golo anulado, bolas a aterrar perto da baliza do Sporting. No prolongamento, com alguma felicidade, fizemos o 4-3 e depois foi sofrer juntos, agarrados ao que é o nosso espírito. Tentamos sempre encarnar os valores e desígnios desta gente que tanto trabalha, que é apaixonada e estoica e é este o nosso manual de compromisso aqui dentro. Para nós não é negociável e os jogadores sabem isso. Enquanto o jogo não for concluído agarramo-nos à esperança e uns aos outros.»
Eustáquio e Vasquinho decisivos
Vítor Bruno destacou ainda a importância das entradas de Eustáquio e Vasquinho no meio-campo, que «tiveram impacto no jogo» e coincidiram com o melhor momento da equipa.
«Não quero puxar os louros para quem foi lançado, mas tiveram impacto no jogo, coincidiu com o nosso melhor momento. Fomos felizes na forma como fizemos o 3-2, que coincidiu com o momento em que eles entraram em campo. O Eustáquio conhece-me há muito tempo, saiu de competição há menos tempo, fez a Copa América quase até ao final; o Vasquinho tem 1,70m, mas é gigante no caráter e capacidade de trabalho e talento que tem. Quando o talento anda de mãos dadas com o compromisso fico tranquilo.»
Preocupação com António Ribeiro
Apesar da vitória, Vítor Bruno não esqueceu o jovem defesa-central da equipa B do FC Porto, António Ribeiro, que sofreu um traumatismo crânio-encefálico num jogo da Madeira.
«Última nota, para o António, que sofreu um problema grave hoje no torneio da Madeira. Está em alguma dificuldade, aparentemente estabilizado agora. Da nossa parte, FC Porto e Equipa A, queremos transmitir e dar-lhe toda a força que necessitar. Estaremos aqui para ele porque no FC Porto não há equipa A ou equipa B, há unidade.»
«Sei onde estão as raízes dele»
Questionado sobre a reviravolta, Vítor Bruno destacou o caráter da sua equipa, que nunca desistiu mesmo perante a desvantagem de 3-0.
«São sinais fortes, sobretudo no caráter. Mas em nenhum momento duvidei do que os jogadores me podem dar. Como disse antes, eu conheço-os muito bem, é a grande vantagem que tenho. Sei onde estão as raízes dele. Para mim não foi novidade como se reergueram, sobretudo porque sei aquilo que são capazes de ir buscar em momentos de dificuldade.»
«Não há quem seja mais importante que outros»
Vítor Bruno assumiu que, no início, viu o caso «muito mal parado», mas conseguiu apelar aos valores do FC Porto para levar a equipa à vitória.
«Pela forma como o jogo se desenrolou, para ser honesto, vi o caso muito mal parado. Os primeiros 8-10 minutos estivemos bem, a condicionar a forma de jogar do Sporting, temos uma oportunidade do Danny. Mas depois sofremos o 1 e o 2-0 e senti que a equipa estivesse à deriva. Talvez faltou alguma ajuda da minha parte de fora, a acalmá-los e a ajudá-los. Fazem o 3-0 e penso que quando fazemos o 3-1 ajudou. O intervalo ajudou a alavancar aquilo que é muito nossa.
Ninguém me deu uma coroa. Neste clube temos de acreditar que aquilo que é impossível é possível. Aqui dentro não há estatutos, não há quem seja mais importante que outros, todos são importantes, todos vão ter os seus momentos, eles sabem isso. Caminhamos juntos para aquilo que for preciso.»