Quando Roberto Martínez assumiu o cargo de selecionador de Portugal em janeiro de 2023, Cristiano Ronaldo não demorou muito a afirmar que, com o espanhol no comando, se respirava «um ar fresco», que se iniciava «um capítulo diferente» e que estava «muito feliz».
Não foi preciso esperar muito para perceber que as palavras do capitão não eram de circunstância. Que algo estava mesmo a mudar... E essa mudança é, hoje, uma evidência para quem acompanha de perto os treinos e os jogos da equipa das Quinas: CR7 e Pepe, os dois mais velhos, os generais, as figuras quase paternas do grupo estão a comandar pessoalmente a passagem de testemunho.
Parecem dois miúdos
Parecem dois miúdos. Parecem mesmo. Ninguém diria que já têm 41 (Pepe) e 39 anos (Ronaldo), tantas são as brincadeiras naqueles primeiros momentos antes dos treinos em Marienfeld, tamanha é a boa disposição que distribuem pelos restantes heróis escolhidos para representar Portugal no Campeonato da Europa.
Ronaldo e Pepe, os generais em campo
Mas mais relevante é o comportamento dos dois em campo, mais soltos do que nunca, mais leves, mais... novos! Cristiano vai, pouco a pouco, passando para Bruno Fernandes e Bernardo Silva as insígnias de comando e vai sendo cada vez mais natural ver sobretudo o médio do Manchester United dar ordens em campo, a todos os setores.
No duelo com a Turquia, aconteceu algo surpreendente, inclusive destacado por José Mourinho como um dos momentos do Euro-2024: Ronaldo, isolado e em posição perfeita para se estrear a marcar, optou por oferecer o ouro a Bruno. A alegria dos dois na celebração dizia tudo. Ainda mais relevante é o facto de, após ter começado com chuteiras verdes, CR7 ter jogador a segunda parte com as botas do ex-companheiro em Old Trafford.
A hora é de transição
O mesmo vai fazendo Pepe. O veterano central, que deixará de ser jogador do FC Porto a 30 de junho, já quase não se chateia com as orientações na defesa: esse papel é, hoje, praticamente um exclusivo de Rúben Dias, como se viu nas partidas já disputadas por Portugal, com Chéquia (2-1) e Turquia (3-0).
Transparece a ideia de que CR7 e Pepe decidiram desfrutar daquele que, provavelmente, será o último Euro deles. A hora é de transição e nada melhor do que fazê-la tendo os dois consagrados como mestres.