O futebol europeu tem sido cada vez mais abrangente, com muitos jovens talentos do norte da Europa a destacarem-se em alguns dos principais clubes do continente. Em Portugal, não faltam exemplos deste fenómeno, com jogadores como Hjulmand, Gyokeres e Harder a terem um impacto significativo na Liga Portuguesa.
Para entender melhor este fenómeno, A BOLA falou com Bruno Romão, um treinador português de 40 anos que, além de passagens pelo Egito e Coreia do Sul, trabalhou nos últimos anos na Finlândia, ao serviço do IFK Mariehamn.
Formação e características dos jogadores nórdicos
Os jogadores nórdicos são jogadores disponíveis para a equipa e têm sido sujeitos a bons processos de formação desportiva, nomeadamente na Dinamarca e na Suécia (Brommapojkarna, Malmo, Hammarby, Nordsjaelland, Midtjylland, Copenhaga, entre outros), o que os torna cada vez mais preparados para a nossa liga, sobretudo no potencial de evolução das decisões, explicou Romão.
O treinador português destaca ainda que estes jogadores são «disciplinados, que gostam de organização/informação e que cumprem a instrução», além de serem «socialmente pessoas positivas, que se integram bem nos grupos e acredito que facilmente se apaixonam pelo estilo de vida e clima do sul da Europa».
O caso de Harder no Sporting
Quanto a jogadores específicos, Romão comenta o desempenho de Harder no Sporting: É cedo para dizer que está a impressionar. Esteve muito bem contra o Portimonense e quando tem sido chamado tem dado bons indicadores. O Harder está a cumprir esta fase de adaptação em linha com o plano da equipa técnica e Rúben Amorim tem feito uma boa gestão de expectativas à volta do jogador.
O treinador destaca as qualidades do avançado dinamarquês: Destaco a fome de baliza (versátil a finalizar de diferentes formas) e a capacidade que tem de verticalizar o jogo (estar em condições de jogar para a baliza) porque é rápido e tecnicamente evoluído. Neste último jogo as dinâmicas de movimento com e sem combinação foram muito interessantes (com pouco espaço e tempo para decidir).
Comparação entre Harder e Gyokeres
Quanto à possível concorrência com Gyokeres, Romão acredita que o Harder pode ficar com o lugar de Gyokeres e também que esse foi o plano do Sporting aquando da sua contratação. O treinador aponta dois aspetos em que Harder parece ligeiramente mais competente que o sueco: a capacidade de baixar em apoio ou de jogar entre linhas a encarar os últimos defesas, e a procura da baliza de meia distância.
No entanto, Romão ressalva que o Gyokeres faz uma procura do espaço a esticar os blocos adversários que é diferente e que a sua saída transformará a forma de atacar e de pressionar do Sporting, nomeadamente pelas características únicas do jogador sueco.
Oportunidade para os clubes portugueses
Quanto à aposta dos clubes portugueses no mercado nórdico, Romão considera que a qualidade e o potencial dos jogadores existe e que será importante aos clubes portugueses recrutar o mais cedo possível, explorando os diferentes países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e incluo aqui a Islândia). Além disso, o treinador destaca que estes jogadores são pessoas afáveis, que socialmente se integram bem, o que torna este mercado muito interessante e até financeiramente mais acessível aos nossos clubes.