O recém-eleito presidente do FC Porto, André Villas-Boas, pretende acelerar a transição de poder no clube, mas a atual direção liderada por Pinto da Costa não está a facilitar este processo, segundo relata o jornal A BOLA.
Os advogados de ambas as partes reuniram-se esta quinta-feira para debater a forma como será feita esta mudança de liderança. Villas-Boas tem a intenção clara de cooptar um administrador Pereira da Costa como CFO da SAD para começar a tratar dos processos financeiros mais importantes. No entanto, embora a equipa jurídica de Pinto da Costa acredite que isso pode ser uma solução, a decisão final ainda carece de alguma afinação e só será conhecida numa próxima reunião.
Principais preocupações de Villas-Boas
Alguns dos temas que preocupam Villas-Boas e que quer ver resolvidos antes de assumir o comando são o negócio feito com a Ithaka relativamente aos direitos comerciais do Estádio do Dragão, o processo de construção da Academia da Maia e a indefinição à volta da multa e pena suspensa de três anos que a UEFA vai aplicar ao clube em consequência do incumprimento das regras do fair-play financeiro.
O facto de nenhum dos atuais administradores (Pinto da Costa, Fernando Gomes, Adelino Caldeira, Vítor Baía e Luís Gonçalves) ter renunciado ao cargo está a adiar esta transição, algo que Villas-Boas considera não fazer sentido, como deu conta nas declarações antes da final de voleibol conquistada pelo FC Porto.
Tomada de posse e dificuldades
A tomada de posse de Villas-Boas está agendada para terça-feira, mas ainda há muitas questões pendentes que o novo presidente gostaria de ver resolvidas antes de assumir efetivamente funções. Villas-Boas está ansioso por entrar em funções, mas para isso tem de assegurar que este processo acontece da maneira mais rápida e eficaz possível para evitar complicações futuras.
Receios sobre a administração de Pinto da Costa
Segundo o conhecido adepto portista Miguel Sousa Tavares, existe "muito medo daquilo que Villas-Boas descobrirá quando começar a abrir gavetas do Estádio do Dragão". Tavares teme que a administração de Pinto da Costa possa fazer "algumas golpadas de última hora antes de deixar o Estádio do Dragão", como fazer "contratos com empresas de amigos" ou "fazer pagamentos à frente de outros que são devidos".
"Tenho medo, espero que não aconteça mas tenho medo, que nestes 15 dias se façam mais algumas golpadas", comentou Sousa Tavares em declarações a um podcast do Expresso. O escritor admitiu ainda que as "golpadas eleitorais acabaram por se virar contra [Pinto da Costa] próprio".
Legado de Pinto da Costa
Quanto ao legado desportivo de Pinto da Costa, Sousa Tavares reconhece que é grande. "Eu penso que todos os portistas jamais esquecerão aquilo que Pinto da Costa fez, ao transformar um clube de aldeia praticamente num clube do mundo", disse o escritor, recordando com emoção "as bandeiras do FC Porto na praia de Copacabana" e "ver miúdos no mundo inteiro com camisolas do FC Porto".
No entanto, Sousa Tavares considera que Pinto da Costa "não soube sair" no momento certo. "Se tivesse saído há 5 ou 10 anos, tinha uma estátua, não era no Dragão, era na Avenida dos Aliados. Mas, de facto, não soube sair, que é uma coisa inacreditável", comentou.