Em 2003/04, o FC Porto, que na época anterior havia conquistado a antiga Taça UEFA - agora denominada Liga Europa -, voltou a espantar a Europa do futebol ao ultrapassar diversos obstáculos até à vitória final na Liga dos Campeões. Essa conquista colocou aquele grupo de jogadores e o próprio José Mourinho nas bocas do Mundo.
No dia em que os dragões jogam em casa do Arsenal com os quartos de final da Champions na mira, o «The Athletic» decidiu recordar essa caminhada histórica na prova milionária com um extenso artigo, questionando se aquele foi o maior feito da carreira do 'special one'.
Derlei Destaca Relação com José Mourinho
O ex-avançado brasileiro Derlei, peça fulcral da equipa vitoriosa, destacou a relação especial que tinha com o técnico português: «Era o início da carreira dele e um momento de ascensão na minha. Ele estava à procura de uma oportunidade para mostrar o que sabia fazer e eu estava na mesma situação. Ele ajudou-me muito durante esse tempo na União de Leiria. Podia jogar com liberdade e marcar muitos golos. Depois levou-me para o FC Porto e eu provei que podia corresponder às expectativas e mostrar a todos que ele tinha feito uma grande escolha. Era uma relação especial. Senti uma ligação com ele desde o início. Sempre soube que ele acreditava em mim. Dizia-me sempre que sim e isso deu-me muita confiança.»
Jorge Costa, ex-capitão e atual treinador do AVS, partilhou memórias daquela época gloriosa: «Jogámos bom futebol e tínhamos um grupo muito unido. Éramos amigos e não apenas companheiros de equipa. Eu era mais líder, mais agressivo, mais experiente; o Ricardo era mais jovem, mais rápido, mais descontraído. Nem sempre estava tão concentrado. Mas as coisas que me faltavam, o Ricardo tinha, e vice-versa. Complementávamo-nos muito bem.»
Mourinho e o Estilo de Jogo Criticado
Jorge Costa defendeu José Mourinho das críticas recentes sobre o seu estilo de jogo: «Acima de tudo, Mourinho é inteligente e pragmático. Encontra uma forma de tirar o melhor partido das equipas e dos jogadores. Os adeptos querem bom futebol, mas um treinador tem de perceber o que tem à sua disposição e tirar o máximo partido dos jogadores que tem.»
Derlei elogiou a disciplina incutida por Mourinho: «Eu tinha isso, e isso fez a diferença. Eu era um atacante, mas sempre quis ajudar na parte defensiva do jogo. Isso fez com que ele olhasse para mim e para o meu trabalho com outros olhos. Para além disso, eu era um jogador de área, sempre à procura de uma oportunidade para rematar. Era isso que ele procurava num avançado. Nos primeiros tempos, ajudava-me no posicionamento, o que me melhorou muito como futebolista.»