Durante muitos anos, as claques de alguns clubes de futebol em Portugal agiram impunemente, com desmandos e violência, em confronto direto com a liberdade e as leis do país. No entanto, essa realidade está a mudar. Após anos de queixas e danos sofridos por jornalistas e outros intervenientes, finalmente as claques estão a ser investigadas criminalmente.
Um especialista em futebol em Portugal recorda o tempo em que a impunidade das claques era uma constante. "Lembro-me bem de certas assembleias exaltadas no Sporting, onde sócios endoidecidos rasgavam os blocos de notas dos jornalistas, perante a passividade dos dirigentes", afirma. Além disso, relembra os tempos de intimidação e violência no antigo Estádio das Antas, no Porto, onde as queixas eram ignoradas."Ninguém ligava a queixas e cada clube usava a sua guarda pretoriana à luz da conveniência dos seus regimes presidencialistas, absolutistas e, sobretudo, intocáveis", revela o especialista.
No entanto, essa impunidade parece estar a acabar. O Sporting, por exemplo, teve uma mudança geracional após a invasão de Alcochete durante o mandato de Bruno de Carvalho. Frederico Varandas, presidente do clube, agiu de forma decisiva e corajosa na relação com as claques. Infelizmente, no FC Porto, não houve uma alteração semelhante e o antigo conceito de entender as claques como um exército oficioso do regime ainda prevalece.
Esta mudança de paradigma é histórica. Pela primeira vez, vemos a polícia atuar no futebol em prol do estado de direito. As claques de futebol em Portugal estão finalmente a ser investigadas criminalmente, mostrando que os tempos estão a mudar. É importante que essa mudança se estenda a todos os clubes e que a impunidade seja erradicada do futebol português."