Rúben Amorim fechou o seu percurso no Sporting com chave de ouro depois da reviravolta fabulosa no terreno do SC Braga (4-2). O técnico português segue agora para outras paragens, e tem em mãos uma missão que para muitos se afigura como missão quase impossível: Revitalizar o gigante adormecido chamado Manchester United.
No dia em que Rúben Amorim aterra em Manchester, a nova equipa técnica do Sporting foi apresentada em Alvalade, e será João Pereira o novo homem do leme.
A herança pesada de Rúben Amorim no Sporting
A herança que o técnico deixa no clube verde e branco - recheada de títulos e recordes - é pesada. Não se esperaria certamente - talvez nem o próprio Frederico Varandas - que o impacto do técnico em Alvalade tivesse tido esta dimensão, tanto a nível desportivo, em que se salientam os dois títulos nacionais conquistados -, como também na vertente financeira, pela forma como o treinador de 39 anos valorizou os ativos dos leões.
«Um exercício simples é tentar perceber o que era o Sporting antes, e depois da chegada de Amorim. Muitos analistas do futebol terão pensado que o presidente do Sporting seria 'louco' por apostar e pagar mais de 10 milhões de euros por um treinador que somava apenas 14 jogos no principal escalão em Portugal, ao serviço do SC Braga.»
O balanço positivo de Amorim no Sporting
Feito o balanço, o Sporting conseguiu rentabilizar por inteiro o investimento que fez, e com juros. Amorim pegou numa equipa e num clube que duvidava de si próprio, que se assumia com timidez na luta pelo título, e que procurava com 'sufoco' equilibrar exercícios e presidências desastrosas que deixaram o clube pejado de dívidas.
Hoje o clube de Alvalade é temido, respeitado, está consolidado financeiramente, e sedutor ao ponto de atrair promissores jogadores do futebol europeu, algo que há poucos anos atrás seria o intento muito complicado: Veja-se o caso de Viktor Gyokeres, Morten Hjulmand, ou mais recentemente de Harder.
O carisma e capacidade de Rúben Amorim
«O carisma e capacidade, que só nasce para alguns, serviu para envolver os jogadores em prol de um objetivo. O ADN da equipa do Sporting, através da sua maleabilidade tática, a forma como Amorim respondeu às adversidades a partir do banco, e o dedo transformador na motivação e qualidade de jogo são outros dos cartões de vista que o técnico leva para Old Trafford.»
O apogeu da equipa do Sporting sob Amorim
Face à carta branca e margem de manobra que adquiriu em Alvalade, fruto do mérito e dos resultados que foi conquistando, proporcionaram a Amorim e equipa técnica o contexto perfeito para a equipa crescer. E por isso, este ano, essa simbiose entre equipa técnica e jogadores tinha conseguido atingir o apogeu: Uma equipa mais maturada, mais preparada, e recheada de qualidade permitiram aos leões atacar com toda propriedade o objetivo Champions.
«O que dizer do 2.º lugar, até ao momento, na Fase Liga da Champions, e do apoteótico triunfo frente ao Manchester City por 4-1, fruto de uma reviravolta, que haveria de ser repetida dias depois no desafio frente ao SC Braga.»
A despedida de Rúben Amorim
A despedida foi feita, à custa de uma vitória guerreira, e demonstração de qualidade e querer dos leões. Uma primeira parte em falso em Braga motivou os jogadores a entrarem para a segunda parte, com todo o fulgor, num golpe de asa de afirmação da equipa portuguesa que melhor futebol tem exibido na presente época.
«Contou para isso, com jogadores que têm sido a extensão de Amorim em campo, com Hjulmand a assumir agora o papel de capitão, com toda a naturalidade, numa rendição de Coates.»
Os números impressionantes de Rúben Amorim
«E o que dizer dos números do treinador do Sporting, que igualou o melhor arranque dos verdes e brancos no campeonato, com a 11.ª vitória consecutiva depois do 4-2 em Braga. A equipa do Sporting só por uma vez tinha arrancado o campeonato desta forma, com 11 triunfos consecutivos na época de 1990/91, estava Marinho Peres no banco dos leões.»
O treinador do Sporting venceu cerca de 164, dos 230 jogos, ao serviço do Sporting, numa percentagem de 71%, uma das mais altas da história do clube. A melhor sequência de triunfos teve lugar, entre outubro e dezembro de 2021, com os verdes e brancos a somarem nessa altura 12 vitórias. A vitória mais retumbante para o campeonato aconteceu mesmo frente ao Casa Pia, com o 8-0 aplicado na 19.ª jornada do Campeonato de 23/24, competição que os verdes e brancos viriam a conquistar.
O legado de Rúben Amorim
Rúben Amorim termina o seu pontificado no Sporting com 231 jogos, depois de quatro anos e meio à frente dos verdes e brancos. No total contabilizou 164 vitórias, 34 empates e 33 derrotas. Com melhor percentagem de vitórias só o mesmo o húngaro Joseph Szabo, com 76,30%.
«A nível de golos, a equipa leonina produziu cerca de 511 tentos, em 230 jogos, numa média de 2,2 golos por jogo, superando os registo de Jorge Jesus no Benfica ou de Sérgio Conceição no FC Porto.»
Títulos foram cinco - Claro que nada das intenções valeriam se a equipa técnica por si liderada não tivesse conquistado títulos. Foi graças ao técnico que os verdes e brancos quebraram o jejum, no que à conquista de campeonatos diz respeito, que já durava desde 2001/2002. A equipa verde e branca voltaria a conquistar o campeonato na época passada. Juntam-se ao palmarés ainda as Taças da Liga de 20/21 e 21/22, e ainda uma Supertaça em 2021. Findo este percurso, Amorim tentará replicar o êxito do Sporting no Manchester United.