Stuart Baxter chegou ao Boavista e a sua influência já se faz sentir, especialmente para quem já trabalhou com ele. Andre Arendse, em conversa com O JOGO, destacou os métodos do técnico escocês, realçando a sua atenção ao detalhe e a forma como potencia os seus jogadores. “Trabalhei primeiro com Baxter no Supersport. Percebi a atenção aos detalhes no planeamento dos treinos de um dia para o outro. Tem a habilidade única de empoderar quem tem à volta, faz os jogadores jogarem com máxima confiança e sem stress”, revelou Arendse.
Para Arendse, trabalhar com Baxter é uma constante aprendizagem. O antigo guarda-redes sul-africano sublinhou a capacidade do treinador em desenvolver os atletas: “Gostavam de conversar com ele e fazer perguntas. Ele torna os atletas melhores. Já o disse e repito, trabalhar com Baxter é como estares todos os dias num curso de treinador”.
A Reputação de Baxter na África do Sul
A reputação de Baxter na África do Sul é “ótima”, algo construído pelos títulos conquistados e pelo seu percurso na seleção. Arendse recordou a campanha na CAN de 2019, onde, mesmo sem favoritismo, conseguiram eliminar seleções poderosas como o Egito de Salah. “Na CAN de 2019, colaborava com ele e conseguimos afastar o Egito em casa, que tinha Salah como estrela do torneio. Ninguém nos dava chances, mas ele fez os jogadores acreditarem que podiam vencer. E venceram!”, disse Arendse.
O impacto de Baxter na carreira de Arendse como treinador principal foi significativo. “Posso dizer que tenho a influência de Baxter de saber lidar com os atletas como seres humanos, entendendo, depois, o caráter de cada um. E depois treiná-los e orientá-los da melhor maneira. Esse ensinamento vou levar para vida”, afirmou.
Filosofia Tática
No que diz respeito ao aspeto tático, Arendse detalhou a filosofia de Baxter: “Domina a arte do equilíbrio defensivo e ofensivo. Faz os jogadores sentirem liberdade para se exprimirem, é inteligente a delinear padrões para as equipas e sempre descreve os movimentos pretendidos desta forma: ‘defines o teu caminho através do opositor’”.
Personalidade Cativante
Fora das quatro linhas, Baxter é descrito como uma “personalidade cativante, mas que gosta de meter piadas”, com o seu “humor britânico contagiante”, mas igualmente exigente. “Acho que todos perceberão rapidamente o seu humor britânico contagiante. Mas também exige que se leve tudo a sério e isso passa por arregaçar as mangas. Ainda hoje estou surpreendido que não tenha treinado grandes clubes no mundo”, confessou Arendse.
O Futuro do Boavista
Para o futuro do Boavista, Arendse acredita que, apesar de ser um “caminho difícil”, Baxter pode trazer a calma necessária. “Está aí um caminho difícil, mas o Baxter pode trazer a calma e mantê-lo longe do pânico. Vai manter os jogadores focados num jogo de cada vez e ajudá-los a vencer o máximo. É o homem certo para a tarefa”.
Chucho Ramírez no Vitória de Guimarães
No Vitória de Guimarães, Chucho Ramírez espreita um regresso à titularidade. José Gomes, antigo treinador do venezuelano no Marítimo, elogiou a sua conduta e determinação. “A serenidade e o foco com que ele trabalhava, na adaptação a uma realidade diferente, com mais intensidade e dificuldade tática, foi sempre um exemplo. Destacava-lhe a perseverança”, afirmou José Gomes.
A perseverança do avançado foi demonstrada num momento pessoal desafiante, quando optou por ficar a trabalhar em vez de estar presente para o nascimento do seu primeiro filho. “O primeiro filho estava para nascer e, naturalmente, todos os pais querem estar presentes. A opção foi aguentar. Cerrou os dentes e transformou o sofrimento pela ausência numa oportunidade. Ficou a trabalhar e a tentar conquistar alguns minutos no Marítimo. É o exemplo da determinação que tem”, contou José Gomes.
A capacidade de lidar com a pressão é algo que José Gomes destaca em Chucho Ramírez: “Lida muito bem com a pressão. Fica triste como qualquer jogador por não jogar, mas a tristeza não lhe tira nem energia, nem dedicação paras as tarefas, para evoluir enquanto profissional”. A adaptação a um clube como o Vitória, que “exige a mesma medida dos grandes”, foi bem sucedida para o jogador. José Gomes concluiu que Chucho Ramírez está à altura do desafio: “As pessoas vivem os problemas do clube com intensidade, são muito apaixonadas e querem sempre o rendimento máximo. A resposta que o Chucho deu foi extraordinária. Mentalmente é muito forte, não é por ter estado afastado que se deixa ir abaixo. É lutador e, quando tem oportunidade, dá o máximo”.