O Boavista encontra esperança numa história improvável vinda da Suécia, de há quase três décadas.
Stuart Baxter, o novo treinador, chega ao Bessa com a missão de resgatar a “pantera”. Faltam cinco jogos, e a equipa está no fundo da tabela, a lutar para se manter na liga.
O Passado em Portugal
A carreira de Baxter inclui uma passagem anterior por Portugal como assistente de Malcolm Allison no Vitória de Setúbal em 1987/88. No entanto, foi cerca de dez anos depois que Baxter alcançou um feito raro. A 8 de novembro de 1998, a sua equipa do AIK conquistou o campeonato sueco, notavelmente, com o ataque mais fraco da liga, marcando apenas 25 golos em 26 jogos. A defesa do AIK, a melhor da liga com apenas 15 golos sofridos, desempenhou um papel crucial na sua vitória.
Antes de treinar o AIK, Baxter tinha passado cinco anos no Japão. “Estive no Japão durante cinco anos e estava a planear sair”, disse Baxter ao These Football Times em 2020. Foi então que aceitou uma nova aventura num país onde tinha sido jogador e treinador. “Estava no Japão, no Vissel Kobe, e o diretor desportivo do AIK, Stefan Söderberg, veio ter comigo, bateu à minha porta e disse: ‘Olha, queremos que venhas para o AIK.””
A Chegada ao AIK
Baxter recordou a sua chegada ao AIK: “O AIK era um clube grande, mas tinha terminado em oitavo, sem ganhar nada há não sei quantos anos. Mas olhei para o plantel e pensei que era um bom grupo de jogadores.”
Ele também partilhou a sua abordagem ao jogo. “Escolhi um clube especial. A claque é famosa. E agressiva. E é preciso uma certa personalidade para jogar no AIK para ter sucesso. A equipa... eram todos guerreiros. De carácter. Todos eles. Mas estavam a jogar no clube há muito tempo e não ganhavam nada. Lembro-me de que fomos jogar fora contra o Goteborg [nota do editor: na 12ª jornada] e eu estava à frente dos jogadores antes do jogo. Tinha introduzido novidades, os jogadores adoraram, mas não estávamos a obter os resultados que queríamos. Então disse-lhes: ‘Pessoal, ou fazemos o que fazemos, ou eu vou-me embora.’ E eles disseram: ‘Não te preocupes, estamos dentro.’ E foi isso. Ganhámos ao Goteborg por 1-0, tivemos um jogador expulso, mas ganhámos e tivemos uma série incrível. Os jogadores não conseguiam jogar contra nós. Não conseguiam marcar golos. Não porque jogássemos defensivamente, mas porque jogávamos de uma forma completamente diferente de todos os outros. Forçámos os defesas adversários a jogar recuados e contra-atacámos agressivamente”, recordou.
O Jogo Decisivo e o Gelo
Antes do jogo decisivo com o Orgryte, houve uma falha de energia que afetou o sistema de aquecimento do campo, que estava em mau estado, com gelo. “Estava duro, gelado. Terrível para jogar. E eu estava no balneário, a pensar: ‘Merda, vai ser um grande empate, não vai? Eles vão atirar todo o tipo de bolas, com os nossos nervos e a importância do jogo. Tenho de acalmar toda a gente’. Na reunião de equipa, chamei o capitão para um canto, disse-lhe o que fazer e ele respondeu: ‘Não te preocupes, nós resolvemos isso’. E eles tinham razão. Os únicos nervos foram quando marcámos e quando soubemos que o Hacken tinha marcado”, recordou.
Östlund: Quase a Caminho de Portugal
Jan Alexander Östlund, que marcou o golo decisivo nesse jogo, esteve quase a caminho de Portugal no início da época.
“Quando cheguei ao clube, havia um tipo sentado fora do gabinete do treinador, no primeiro dia. Perguntei ao diretor desportivo quem era e ele disse que era um antigo jogador”, disse Baxter. Östlund “era um jovem com um talento enorme, mas tinha problemas” que o clube não conseguia resolver, e tinha sido dispensado. No entanto, Östlund perguntou a Baxter se podia treinar com a equipa para se manter em forma. “Ele ia para Portugal para fazer testes. E eu disse-lhe que podia. Ele treinou e não era nada mau. Era avançado e eu disse ao diretor desportivo que tínhamos um jovem lateral a jogar como avançado, para o deixar ficar durante um mês e oferecer-lhe um contrato. Ele ficou e fez muito bem”, recordou.