O ex-líder da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Boavista, que dirigiu o clube entre 2020 e 2024, denunciou a postura da actual administração liderada por Fary Faye, afirmando que «tem existido uma completa ausência de resposta, além do incumprimento para com o clube». Segundo Rui Murta, a SAD «vai pagando algumas coisas avulsas, mas não cumpre na íntegra o protocolo».
Murta recebeu recentemente um documento do gestor Filipe Miranda com uma garantia de 910 mil euros para ajudar a SAD a desbloquear o impedimento de inscrição de novos jogadores junto da FIFA, mas «não recebeu qualquer resposta até ao momento» da administração liderada por Fary.
Impedimentos de inscrição de jogadores
Segundo Murta, o Boavista enfrenta 16 processos activos de proibições de registo na FIFA, dos quais 7 vigoram por 3 períodos de inscrição e 9 têm duração ilimitada, entre abril de 2023 e dezembro de 2024 - período que abrange o último ano da sua gestão e os primeiros 8 meses da administração de Fary.
O ex-presidente lembra que o Boavista poderia ter desbloqueado os impedimentos no verão de 2023 através da venda de «alguns atletas nucleares», mas, em conversa com o então treinador Petit, foi decidido manter a equipa, sem necessidade de inscrever novos jogadores.
Críticas à actual direcção
Murta critica a SAD por não ter intentado o Processo Especial de Revitalização (PER) logo em maio, o que teria permitido suspender os processos da FIFA e inscrever atletas em agosto. Antes do final da janela de verão, a SAD justificou a impossibilidade de resolver as restrições com uma penhora excecional validada no período de férias judiciais.
Murta contesta esse argumento, afirmando que «o clube e a SAD têm os bens penhorados há muitos anos» devido a dívidas da construção do estádio, acusando a actual administração de usar um «argumento falso» para justificar a não inscrição de jogadores.
Tentativa de solução
O documento recebido pelo clube decorre de um acordo entre a lista de Filipe Miranda e um fundo de investimento norte-americano, que permitiria antecipar em meio ano, com uma taxa de juro «muito baixa», a recepção de 1 milhão de euros pela transferência do defesa Pedro Malheiro para o Trabzonspor, negociada em julho de 2024 por 2 milhões fixos mais 500 mil em variáveis.
Murta diz que «nem sequer analisou o documento» e apenas o recebeu, entrando em contacto com a SAD para solicitar uma reunião urgente para perceber se seria possível resolver o impedimento. A candidatura de Filipe Miranda também tentou a mesma abordagem com o accionista maioritário, Gérard Lopez, mas uma fonte ligada ao processo disse que a solução «não é possível» devido ao PER da SAD.