Antigo presidente da SAD do Boavista mostra-se favorável à investigação
Vítor Murta, que foi presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Boavista, manifestou-se favorável à realização de uma auditoria forense à gestão feita durante o seu mandato, um pedido da atual administração do clube axadrezado.
Em comunicado enviado à agência Lusa, Murta afirmou que «é fundamental que seja feita uma auditoria às contas do Boavista para que, de uma vez por todas, se acabem com os mitos». O dirigente entende que «os atuais administradores devem fazer tudo para proteger os interesses da Boavista SAD».
Pedido de explicações sobre os 5 milhões de euros
Vítor Murta aproveitou a oportunidade para pedir explicações sobre os 5 milhões de euros que, segundo o ex-presidente, o acionista maioritário Gérard Lopez enviou no último defeso. «Podem aproveitar esta auditoria para explicar aos sócios onde se encontram os cinco milhões de euros que o [acionista maioritário] Gérard Lopez enviou neste defeso e porque é que não pegaram nesse dinheiro e levantaram os impedimentos ou pagaram o acordo a que se obrigaram junto da Administração Tributária», afirmou.
O antigo líder da SAD do Boavista criticou também o administrador executivo Carmelo Fraile, que integra os novos corpos sociais da SAD por indicação de Gérard Lopez. «O administrador Carmelo disse que desconhecia os atos praticados pela [antiga] administração. Isso é mais uma das muitas mentiras, pois ele tem um reversão movida pela Administração Tributária em virtude de ter sido comprovadamente administrador de facto da SAD do Boavista e, dessa forma, ter tomado decisões e conhecer tudo o que se passava no dia a dia da SAD», sublinhou.
Críticas à atual administração
Vítor Murta mostrou-se «estranhado» por não ser acusado da gestão do Bordéus e do Mouscron, outros clubes nos quais Gérard Lopez investiu. O ex-presidente defendeu que a atual administração «devia deixar de perder tempo em comunicados e de colocar notícias nos jornais e dedicar-se a resolver os problemas da SAD».
Murta lembrou que a sua administração «resolveu inúmeros impedimentos e vários pedidos de insolvência», afirmando que a diferença é que «estávamos mais preocupados com o clube e a SAD do que a andar a denegrir a imagem das instituições».
Condenação por discriminação
O antigo presidente da SAD do Boavista criticou ainda o administrador Carmelo Fraile por ter feito referência à sua condenação por assédio sexual a uma funcionária da SAD, considerando que «essa alusão mostra, acima de tudo, o carácter de quem a profere». Murta relembrou que «fui condenado por discriminação e não por assédio, numa decisão que se encontra em recurso no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD)».
Segundo Murta, o processo «teve início numa denúncia anónima e tem um duplo objetivo: por um lado, distrair os sócios para que estes não percebam a incompetência de quem está neste momento à frente da SAD; por outro, mancharem o meu nome de forma a afastarem-me da presidência do clube e assim dominarem também esta instituição».