Dívidas acumuladas impedem inscrição de novos jogadores
A SAD do Boavista anunciou que vai avançar para uma auditoria forense à gestão de Vítor Murta, anterior presidente da sociedade gestora do futebol profissional axadrezado. Segundo o administrador executivo espanhol Carmelo Fraile, «a gestão anterior estava centrada única e exclusivamente na figura do antigo presidente, sendo que a minha saída do anterior conselho de administração [no qual era administrador não-executivo] foi uma consequência direta da falta de transparência e da concentração de poder numa única pessoa, algo que, como se percebe, causou danos significativos a esta sociedade».
O Boavista está impedido pela FIFA de inscrever novos jogadores há quatro janelas de transferências seguidas, devido a dívidas. A liderança da SAD passou a ser encabeçada em maio pelo ex-avançado senegalês Fary Faye, que era administrador com atuação exclusiva na área do futebol e integrou a única lista aos órgãos sociais formalizada pela Jogo Bonito, sociedade controlada pelo investidor hispano-luxemburguês Gérard Lopez e detentora de uma posição maioritária no capital axadrezado.
Pedidos de insolvência e penhoras dificultam funcionamento
«Ainda hoje recebemos mais dois pedidos de insolvência de ex-jogadores, relacionados com acordos incumpridos datados de 2021. Estes pedidos de insolvência, bem como as penhoras constantes, ajudam a perceber, de forma clara, as consequências diretas da má gestão do anterior presidente, que continuam a provocar enormes dificuldades ao normal funcionamento da SAD», apontou Carmelo Fraile.
No início do mês, a sociedade financeira BTL recebeu autorização do Tribunal Judicial do Porto para executar durante as férias judiciais uma dívida original de 5,2 milhões de euros (ME) do clube - que, com juros, ascende a 6,8 ME e já tinha sido solidariamente assumida pela SAD 'axadrezada' -, através da venda de passes de jogadores na atual janela de transferências de verão.
Murta condenado por alegado assédio sexual
«As recentes declarações do anterior presidente da SAD servem também para desviar a atenção de um assunto muito grave. É incompreensível que uma pessoa que foi condenada pela justiça desportiva por alegado assédio sexual ainda continue na presidência do clube. A sua permanência no cargo é um desrespeito para com todos os associados e uma mancha grave na reputação do Boavista», finalizou Carmelo Fraile, em alusão à condenação recentemente proferida pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), da qual Vítor Murta já recorreu.