Ricardo Araújo Pereira, sócio número 12.049 do Benfica, revelou numa recente entrevista que tem uma “daquelas pedras pequeninas no sapato”
relacionada com o desempenho do clube. Ele afirma que “o Benfica não é campeão nacional e sinto que falta qualquer coisa”
. A questão do sucesso do Benfica é central para a sua visão enquanto adepto.
Apoiante de Noronha Lopes na corrida à presidência do clube, Pereira é categórico ao afirmar que não tem ambição de ocupar um cargo no Benfica: “Não quero um cargo no Benfica, nem uma avença, nada. Já fiz vários trabalhos para o clube — como sketches ou a apresentação de uma gala — e nunca cobrei nada, porque isso seria como cobrar dinheiro à família. Só quero uma coisa: que o Benfica ganhe. Esse é o meu único interesse”
. Esta declaração revela um forte carinho e decepção por parte do humorista, que distorce a ideia de que o sucesso profissional possa ser confundido com o amor pelo clube.
Distinção entre Jogador e Presidente
O humorista, ao falar sobre Rui Costa, faz uma clara distinção entre as funções do jogador e do presidente: “Lembro-me de um Benfica-Parma em que o Rui Costa tira três adversários do caminho e faz um passe para golo do Isaías com uma tremenda elegância. Fiquei maravilhado com aquilo. Mas isso é uma coisa. O facto de ter sido um grande jogador não o habilita nem o desabilita para ser presidente”
. Pereira critica a noção de que a experiência como jogador é suficiente para a gestão de uma equipa, apontando que uma abordagem distinta é necessária.
Esse aspecto da gestão desportiva é crucial para o entendimento de Pereira sobre o futuro do Benfica. Ele acredita que apenas ser uma lenda do clube não garante competência nas funções de liderança, o que levanta questões sobre a forma como o clube deve ser dirigido.
Prioridades Desportivas de Ricardo
O assunto toma um tom mais provocador quando Pereira é questionado sobre as suas prioridades desportivas. Ele não hesita em revelar que, se tivesse que escolher, preferiria ver o Benfica ganhar um torneio de pré-época em vez de Portugal ser campeão do mundo: “Se me disseres Torneio do Guadiana ou Mundial, eu prefiro o Torneio do Guadiana. Porque o Benfica vencer essa competição [de pré-época] não é uma coisa despicienda”
. Isso demonstra a profundidade do seu apelo emocional ligado ao clube, onde a moral gerada por vitórias, mesmo em torneios menos prestigiados, é vista como fundamental.
Essa declaração ressoa fortemente entre os adeptos, que muitas vezes valorizam as conquistas do seu clube acima das vitórias da seleção nacional. Para Pereira, o triunfo do Benfica, independentemente do contexto, é uma fonte inigualável de alegria e orgulho.
A Relação Pessoal com o Clube
Ricardo também faz uma observação pessoal ao mencionar que o seu fundo de tela no telemóvel é uma foto de Eusébio: “Não tenho das minhas filhas porque as minhas filhas nunca marcaram um golo pelo Benfica”
. Com esta afirmação, ele, ironicamente, reflete o cerne do seu envolvimento com o clube, onde a herança e o legado de Eusébio parecem ter um valor emocional muito maior do que aspectos familiares mais convencionais.
Essa relação não só encapsula a sua paixão pelo Benfica, mas também evidencia a cultura de devotamento que muitos adeptos têm em relação ao clube. A figura de Eusébio serve não apenas como um ícone desportivo, mas como um símbolo de tudo o que o Benfica representa para seus seguidores.