O diretor financeiro e administrador da SAD do Benfica, Miguel Moreira, fez declarações contundentes durante o julgamento do processo ‘Saco Azul’, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, onde negou categoricamente as acusações que lhe foram imputadas. “Obviamente que não, jamais lesaria o Benfica. Defendo a minha entidade patronal como se fosse o meu negócio, defendo-a ao máximo. É um ponto de honra, seja no Benfica ou noutra empresa”, assinalou, enfatizando a sua fidelidade à instituição que representa.
Moreira foi interrogado durante mais de três horas e confrontado com extratos bancários que supostamente indicariam irregularidades. No entanto, o administrador foi claro: “nunca recebi qualquer comissão ou participei em esquemas de lavagem de dinheiro para meu benefício”. A acusação envolve a empresa Questãoflexível, que recebeu pagamentos do Benfica, e a possibilidade de que esses valores tenham sido ilicitamente atribuídos a Moreira.
Razoabilidade nos Contratos
Em resposta a tais alegações, o ex-administrador pregou a ideia de razoabilidade nos contratos firmados. “Não há uma posição unilateral nem de uma parte, nem de outra. Nós sentávamo-nos e chegávamos a acordo. Não se podia ‘parar o comboio’, era necessário trabalhar e não era necessário pôr a colaboração em contrato. Havia razoabilidade dentro das duas posições e bom senso entre as partes”, revelou. Ele insistiu que os contratos com a Questãoflexível foram elaborados de acordo com as necessidades do Benfica, desafiando as alegações de irregularidades e defendendo a integridade da sua atuação no clube.
“Não há uma posição unilateral nem de uma parte, nem de outra. Nós sentávamo-nos e chegávamos a acordo”, destacou Moreira, sublinhando a normalidade das interações entre as partes envolvidas na prestação de serviços. Ao discutir as implicações do caso, afirmava que os pagamentos à Questãoflexível foram realizados antes da formalização de qualquer contrato como uma prática aceitável em ambientes corporativos.
Assinaturas e Documentos
Questionado sobre a natureza dos documentos associados aos pagamentos, que envolviam assinaturas de figuras de destaque no Benfica, como Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira, Moreira explicou que outros administradores, como Rui Costa e José Eduardo Moniz, também poderiam ter endossado tais documentos, embora a sua presença não fosse regular. Esta revelação lança luz sobre o funcionamento interno da SAD do Benfica e as dinâmicas de tomada de decisão.
À luz das evidências apresentadas e das questões levantadas, a próxima sessão do julgamento está marcada para quinta-feira, às 09:30, onde será feita uma nova avaliação dos elementos em análise com a continuação das declarações de envolvidos e investigadores.
Implicações do Julgamento
Este processo começou a ser julgado em abril e envolve não apenas Miguel Moreira, mas também outros ex-gestores do Benfica e a própria SAD, acusada de fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos, com montantes que ultrapassam os 1,8 milhões de euros. As declarações de Moreira colocam em questão as alegações de corrupção, e o desfecho desse julgamento poderá ter implicações significativas para a gestão da instituição desportiva.