-
Rotura de ligamento cruzado anterior é uma lesão cada vez mais frequente no futebol
-
Geralmente ocorre sem contacto, quando o atleta cai com o pé de apoio em torção ou faz rotação brusca do joelho
-
Tratamento envolve fisioterapia e cirurgia, com recuperação mínima de 4 meses
Lesão cada vez mais frequente
A rotura do ligamento cruzado anterior do joelho é uma lesão cada vez mais comum no futebol, atingindo não só atletas profissionais como também jovens e mulheres. Segundo o especialista em Ortopedia e Traumatologia Paulo Amado, esta é uma "lesão da moda" no desporto rei, com diversos fatores que contribuem para a sua proliferação.
A maioria das roturas acontece sem contacto entre jogadores, geralmente quando o atleta cai com o pé de apoio em torção ou faz uma rotação brusca do joelho. Nestes casos, o ligamento cruzado anterior é o primeiro a ceder, provocando um "soluçar" do joelho visível nas imagens televisivas. Pouco depois, surge um derrame no local, com um líquido seroso que quase sempre confirma o diagnóstico de rotura.
Múltiplos fatores contribuem para o aumento
Segundo Paulo Amado, esta lesão era rara no início da sua carreira médica, mas tem-se tornado cada vez mais frequente, tanto em jovens como em mulheres. "Questões hormonais e de medicação, nomeadamente anticoncecionais, podem interferir na fragilidade ligamentar", explica o especialista, que tem operado muitas pacientes com roturas nos dois joelhos.
Além disso, atletas com pouca atividade física durante o ano, como alguns médicos que o próprio Amado já operou, também têm maior propensão a sofrer esta lesão. Contudo, não é fácil prever quem tem maior predisposição, mesmo com exames médicos detalhados.
Tratamento e impacto na carreira
O tratamento passa, inicialmente, por fisioterapia para drenar o derrame e mobilizar o joelho, evitando a artrofibrose. Só depois, cerca de 15 dias após a lesão, é realizada a cirurgia, geralmente por método mini-invasivo com tendões da pata de ganso. A recuperação demora, no mínimo, quatro meses, sendo que voltar antes disso é considerado "quase um crime" pelo especialista.
Paulo Amado recorda o caso do antigo avançado João Pedro, que se viu obrigado a retirar-se aos 34 anos devido a recorrentes roturas de ligamentos cruzados. "Ele só chorava, dizendo que já sabia o que ia acontecer na sua vida outra vez", conta o médico, demonstrando o impacto emocional e psicológico desta lesão na carreira dos futebolistas.