O Benfica vai enfrentar no próximo Mundial de Clubes o Auckland City, equipa da Nova Zelândia que domina o futebol na Oceânia. Gerard Garriga, médio espanhol do Auckland City, revela como é a vida de um futebolista semi-profissional neste país do outro lado do mundo.
Apesar das condições desafiadoras, a equipa do Auckland City tem dominado a Liga dos Campeões da Oceânia, conquistando 10 dos últimos 12 títulos. Garriga mostra-se entusiasmado por enfrentar os campeões portugueses no Mundial de Clubes, onde terá a oportunidade de jogar contra jogadores como Di María e Otamendi, que venceram o Campeonato do Mundo.
Uma paixão diferente pelo futebol
É totalmente diferente da paixão com que se vive em Espanha, Portugal, no resto da Europa. Na Nova Zelândia, diria que há outros desportos mais importantes. O râguebi é o desporto mais importante, toda a gente fala dos All Blacks [seleção neozelandesa], mas o futebol está a crescer, começa por explicar Garriga.
Apesar de o futebol não ser o desporto número um no país, a equipa do Auckland City tem conquistado a Liga dos Campeões da Oceânia com regularidade. Nas ilhas, o futebol é o desporto número um, eles amam futebol. Todos querem vencer. Ganhámos sucessivamente, mas não foi fácil.
Futebolistas com outras profissões
O jogador espanhol revela que os seus colegas de equipa têm outras profissões para além do futebol. Alguns trabalham em escritórios de serviços, outros trabalham para a Coca-Cola, outros em gestão, outros na construção. Também temos professores, alguns pintam casas. Alguns deles não estão sequer a trabalhar, porque estão a estudar e moram com os pais. É tudo tão diferente.
Apesar deste cenário, o Auckland City treina quatro vezes por semana, além do jogo, tendo apenas dois dias de descanso.
Um formato diferente de campeonato
A Liga da Nova Zelândia tem um formato diferente do habitual, com as equipas divididas em três conferências regionais. A Liga de Nova Zelândia tem um formato diferente daquele a que estamos normalmente acostumados na Europa, porque o país é muito grande e nem todas as equipas têm dinheiro para pagar voos e deslocações. O país está dividido em três ligas. A primeira parte da temporada é com as ligas norte, centro e sul. Cada uma tem, penso, 12 equipas. Em cada conferência, quatro equipas passam à fase nacional, duas descem e as outras acabam mais cedo a temporada. A fase nacional é a última parte do campeonato. Os dois melhores da Liga Nacional jogam a final e o vencedor é o campeão da Nova Zelândia.
Domínio na Liga dos Campeões da Oceânia
Apesar das dificuldades, o Auckland City tem dominado a Liga dos Campeões da Oceânia, conquistando 10 dos últimos 12 títulos. Garriga explica que este domínio não é fácil de alcançar: Não é fácil. As equipas da Oceânia são fortes tecnicamente e muito rápidas. As condições que normalmente enfrentamos quando jogamos nas ilhas são mesmo difíceis. Não estamos acostumados a jogar com 35 graus e 90 por cento de humidade. As condições dos campos são muito pobres nesses países. É mesmo difícil.
Conhecimento do Benfica
Apesar de conhecer bem o Benfica, Garriga mostra-se entusiasmado por enfrentar os campeões portugueses no Mundial de Clubes. Conheço alguns jogadores. Têm jogadores como Di María ou Otamendi, que venceram o Campeonato do Mundo. Mas, sim, sei que está bem na Liga dos Campeões, numa posição que dá acesso ao play-off. Tem bons jogadores e, claro, no último ano, foram uma das melhores equipas. Na Europa, têm competido muito bem.
Os seus companheiros de equipa também conhecem bem o Benfica, apesar de não acompanharem tanto o futebol português. Claro! É a mesma coisa. Não seguimos a liga portuguesa. Aqui, na Nova Zelândia, as pessoas apoiam muito os clubes da Liga dos Campeões, porque a maioria vem de famílias de Inglaterra. Mas, claro, vemos a Liga dos Campeões e conhecemos todos os clubes que nela participam. Benfica e FC Porto. Sporting, também.
Uma oportunidade única
Garriga mostra-se entusiasmado por defrontar campeões do mundo como Di María e Otamendi. Este torneio deu-nos a oportunidade de jogar com os melhores jogadores do Mundo. É tão emocionante, porque eles ainda estão num bom momento. Às vezes, podemos jogar contra bons jogadores que, há cinco ou seis anos, estavam no topo, mas agora estão próximos da reforma. Mas esses jogadores, há dois anos, estavam a celebrar a conquista do Mundial. É incrível!
Apesar das dificuldades, o jogador espanhol vê o Mundial de Clubes como uma oportunidade única. O Mundial de Clubes não é só uma oportunidade, é uma exposição ao Mundo. Ao contrário do que muitos dizem, é uma competição em que todos os jogadores gostariam de participar.