Os adeptos de futebol geralmente gostam de ouvir os jogadores falarem sobre o jogo, mas infelizmente isso não acontece com a frequência desejada. Quando um jogador se atreve a ser sincero e expor a sua visão, é muitas vezes mal visto pelos dirigentes.
Foi o que aconteceu com Orkun Kokçu, médio do Benfica, que em março deste ano deu uma entrevista a um jornal neerlandês e afirmou que o então treinador Roger Schmidt não o estava a utilizar na sua melhor posição. «Talvez mal habituado a uma certa urbanidade centro/norte-europeia, foi sincero e afirmou que o treinador de então, Roger Schmidt, não estava a aproveitar as suas potencialidades por não colocá-lo na posição em que mais pode render, e onde aliás tinha rendido justamente nos Países Baixos, ao serviço do Feyenoord», refere o texto.
Kokçu tinha razão
Seis meses depois, com a chegada de um novo treinador, parece evidente que Kokçu tinha razão. «É um privilégio raro ouvir jogadores falarem de futebol, mas gratificante mesmo é verificar que eles, se calhar, até percebem da profissão que abraçaram», destaca o artigo.
Dar voz aos jogadores é positivo
O texto critica a tendência de «enclausurar os protagonistas nas jaulas dos lugares-comuns» e defende que dar voz aos jogadores pode contribuir positivamente para um espetáculo que se quer «industrializado e, acima de tudo, vendável».
«Continuar a enclausurar os protagonistas nas jaulas dos lugares-comuns é contribuir negativamente para um espetáculo que se quer industrializado e, acima de tudo, vendável», pode ler-se.
Apesar da compreensível salvaguarda dos interesses patronais, o artigo argumenta que os jogadores, enquanto principais protagonistas do futebol, devem ter mais liberdade para se expressar sobre o jogo. «Mais importante que os futebolistas, no futebol, só talvez a bola, mas apenas porque sem ela não se pode jogar e sem futebolistas pode simular-se um jogo. É bom saber que eles sabem o que fazem.»