Foi preciso sofrer (excessivamente), mas o Benfica aproveitou da melhor forma o crescimento e atrevimento do Famalicão - com mérito para Trubin, gigante na baliza - e foi letal na ponta final do encontro, acabando com uma vitória por 3-0 e fechando o ano em beleza.
Para o último jogo da época, o Benfica via-se obrigado a mexer em três dos habituais titulares e Roger Schmidt chamou Tiago Gouveia, Tomás Araújo e Arthur Cabral, para os lugares que pertenciam a Otamendi, Di María e Tengstedt. Do outro lado, João Pedro Sousa fazia regressar Otávio ao centro da defesa, mantendo o restante desenho do Famalicão.
Depois de se terem encontrado há um par de semanas, havia curiosidade para ver as semelhanças e diferenças para este jogo e desde logo se viu um Famalicão a pressionar menos alto, embora atrevido a tentar explorar, como é habitual, a largura e as incursões dos seus laterais, especialmente na esquerda, onde Chiquinho e Francisco Moura eram os principais dinamizadores da equipa.
Contudo, o Benfica aguentou esse ímpeto precoce famalicense e começou a crescer com o passar dos minutos, eletrizando-se com a explosividade de Tiago Gouveia na esquerda, que ia sendo uma dor de cabeça, pela mobilidade que ia impondo. O Famalicão até tentava sair a jogar, mas a pressão encarnada, aliada aos muitos erros no passe de Otávio, não lhe permitiam responder e o Benfica notava-se confortável na partida.
Depois de uma 1ª parte que deixou muito a desejar ofensivamente, o Famalicão regressou dos intervalos a tentar ser mais fiel com e sem bola ao que lhe é habitual. Com bola, Zaydou baixou para a primeira fase de construção e foi dinamizando a equipa, corrigindo o que Otávio não conseguia. Sem bola, pressionavam mais alto, para tentar dificultar a saída encarnada, e com mais gente.
Esta opção abriu claramente o jogo, mas para os dois lados. O Famalicão ficou mais perigoso com bola, obrigou a alguns erros e começou a criar perigo - Chiquinho ficou na cara de Trubin, aos 59', mas permitiu grande defesa -, mas, por outro lado, ficou mais exposto à transição rápida, com mais espaço para sair a jogar no meio, e o Benfica tinha bons intervenientes para o aproveitar - Cabral teve o bis nos pés aos 63' dessa forma, mas Luiz Júnior esteve bem. Percebendo que um par (ou dois) de pernas frescas para essa missão daria jeito, Schmidt colocou Musa e Guedes (além de Florentino) aos 70'.
Esta machadada final deu cabo de qualquer réstia de esperança famalicense ainda existente e o Benfica acabaria mesmo por fechar o ano civil de 2023 em beleza, com uma vitória sofrida, mas justa, e subindo, à condição, à liderança do campeonato.