Nascido e criado na Quinta do Mocho, um bairro problemático na zona de Loures, Carlos Mané cresceu enfrentando inúmeras dificuldades. Atualmente a jogar no clube turco Kayserispor, o extremo recorda com pesar as adversidades da sua infância naquele local.
«É sempre difícil crescer num bairro como aquele, porque há coisas que as crianças não podem ver e veem, que ficam marcadas para a vida», começou por explicar Mané. O jogador relembra ter visto amigos a serem baleados, ainda quando já fazia parte das camadas jovens do Sporting. «Ver um dos meus melhores amigos ser baleado é duro. Felizmente ele está bem, que é o mais importante», afirmou.
Protegido pelos amigos
Mané conta que os amigos o protegiam de certa forma, impedindo-o de se envolver em atividades ilegais: «Quando iam fazer alguma coisa ilegal, digamos assim, diziam que eu não podia ir porque era jogador; queriam que eu vingasse no mundo do futebol e fosse um grande jogador».
O jogador recorda também um episódio em que a polícia invadiu a sua casa, na Quinta do Mocho, quando ainda estava entre a equipa B e a equipa A do Sporting. «Ouvi um estrondo, por volta das cinco da manhã, pensava que estava a sonhar e continuei a dormir, mas depois apareceram muitos policiais, apontaram-me uma arma à cabeça, com aquelas luzes e tudo, e algemaram-me», descreveu. Mané afirma que, apesar da raiva, este tipo de situações o motivaram a querer sair daquele bairro e a tornar-se um grande jogador de futebol.