Amorim enfrenta teste complicado no United, mas revolução é inevitável

  1. Ruben Amorim tinha avisado, no início do mês, que a tempestade ia chegar a Manchester
  2. 5 derrotas, 1 empate e apenas 4 vitórias nos 10 primeiros jogos
  3. Técnico português deixou o Sporting para ir para o Manchester United

Ruben Amorim tinha avisado, no início do mês, que a tempestade ia chegar a Manchester. Já estava a atingir o outro lado da cidade, de resto, e a épica vitória no dérbi com o City talvez tenha criado a ilusão de que o alerta para o United fora exagerado, mas o ciclo atual de três derrotas consecutivas recupera uma visão mais realista.

O técnico português tem uma missão complicadíssima, e sabe-o bem, como comprova a tal previsão deixada após a goleada ao Everton. Mas é provável que, por esta altura, ao fim de um mês no cargo, Amorim já esperasse ter atingido um patamar mais animador, e não com cinco derrotas, um empate e apenas quatro vitórias nos dez primeiros jogos.

Falta tempo para treinar


Falta tempo para treinar, é certo, mas isso também Amorim já sabia, como o próprio reconhece cada vez que essa atenuante vem à baila. E ainda que o calendário apertado impeça a equipa técnica de acelerar processos, as exibições pobres e inseguras mostram que os red devils não estão a assimilar as novas ideias, ou pelo menos estão a ser mais lentos do que seria de esperar. Na verdade, tirando a tal vitória no dérbi, aquele habitual efeito imediato do chicote nem se notou.

Recuperar a justificativa


Não é motivo para Amorim estar arrependido de ter deixado o Sporting, mas vale a pena recuperar a justificativa para abandonar o projeto do bicampeonato, ao dizer que queria precisamente este contexto, o do Manchester United, pela possibilidade de fazer as coisas à sua maneira.


O português também sabe, contudo, que só os resultados permitem ganhar tempo. E o comportamento da equipa mostra que, mais do que treinar, é preciso tempo para revolucionar o plantel. Estes dez jogos já terão provado a Amorim que poucos são os jogadores do plantel que estão à altura do emblema que representam, e já agora das suas próprias ideias.

Revolução inevitável


Os antecessores não eram todos incompetentes, naturalmente, e se o passado recente do United concede tempo ao técnico português, no sentido em que relativiza os resultados, também pode vir a limitar a influência do head coach que não é manager, pensando em dirigentes escaldados com o investimento sem retorno dos últimos anos, ignorando responsabilidades próprias.


A revolução é inevitável, e provavelmente até pecará por defeito, mas Amorim tem de atalhar caminho para os resultados. Para presenciar essa eventual mudança, mas sobretudo para ser visto como essencial à mesma. À sua maneira.

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