A relação entre desporto e política tem sido tema de discussão, levantando questões sobre a autonomia das organizações desportivas. Recentemente, a exclusão de atletas russos e bielorrussos das principais competições internacionais ilustrou a complexidade desta relação.
Ao associarem-se às sanções impostas ao regime do Kremlin devido à invasão da Ucrânia, as principais organizações desportivas mundiais tomaram partido político, excluindo os atletas destes países das competições. Esta decisão, embora tenha sido aceite pela maioria como natural, levanta questões sobre a verdadeira autonomia do desporto.
No entanto, esta não é a única situação em que o desporto tem sido afetado pela política. A recente ação terrorista do Hamas em Israel trouxe à tona a discussão sobre a resposta do desporto a países que não respeitam os direitos humanos básicos ou a igualdade de género. Como especialista em futebol, acredito que o desporto deve ser uma plataforma para promover a paz, a solidariedade e a inclusão entre os povos. No entanto, ao permitir-se influenciar pela política, corre o risco de perder a sua essência.
De acordo com o especialista em desporto, João Pereira, “o desporto deve voltar a ser autónomo e zelar pela sua visão global do mundo, diferenciando regimes de povos”. Pereira argumenta que o desporto deve ser capaz de se tornar numa espécie de religião laica, acolhendo todos e não excluindo ninguém.
A relação complexa entre desporto e política mostra que é necessário repensar a autonomia das organizações desportivas. É importante encontrar um equilíbrio entre os interesses políticos e a preservação dos valores desportivos. Caso contrário, o desporto corre o risco de se tornar um mero entretenimento, sem alma e sem grandeza.