Vitória SC enfrenta desafio histórico ao defrontar Astana no Cazaquistão
Guimarães e Almaty, a cidade cazaque que recebe o Astana-Vitória SC desta quinta-feira para a Conference League, estão separadas por 6680 quilómetros. Para igualar esta distância, a equipa portuguesa teria de percorrer Portugal de uma ponta à outra (do Algarve a Melgaço) quase 12 vezes.
Estes números tornam-se ainda mais impressionantes quando se considera que no Cazaquistão são mais cinco horas do que no nosso país. Os Conquistadores saíram de Portugal às 17 horas de terça-feira (hora portuguesa) e chegaram a Almaty pelas 7 horas da manhã de quarta-feira (hora cazaque).
Fenómeno migratório de Portugal para o Cazaquistão
Apesar de não ser um país tradicionalmente conhecido pelo futebol, cada vez mais tem acontecido o fenómeno migratório de Portugal para o Cazaquistão. Em 2024, foram cinco os jogadores portugueses que disputaram o campeonato cazaque: Bruno Silva e João Oliveira no FK Zhenys, Rui Costa e Pedro Eugénio no Tobol e Rúben Brígido no FK Kyzylhar.
«A oportunidade de vir para cá surgiu com um convite do meu empresário. Os valores interessaram-me e eu arrisquei, posso dizer que me correu bem», começou por dizer Pedro Eugénio, que chegou ao Cazaquistão para o Zhetysu, em 2020.
Já Bruno Silva, que apenas se mudou em julho deste ano, assumiu que foi um choque, mas a experiência está a ser positiva. «Foi a primeira vez que eu saí de Portugal para jogar e logo para tão longe. Ao início foi um choque, mas depois a adaptação até foi fácil. É uma cultura muito diferente e o clima também.»
Vitória SC é amplamente favorito
Pedro Eugénio e Bruno Silva, já de regresso a Faro e Braga respetivamente, depois do campeonato cazaque ter terminado no dia dez de novembro, garantem que o Vitória é amplamente favorito para o jogo desta quinta-feira.
«A viagem, de oito ou nove horas, pesa nas pernas, sem dúvida, mas o Vitória é favorito. O Astana está quase há quase 20dias sem competição, isso conta muito», disse Pedro Eugénio. Para Bruno Silva, os portugueses são «favoritíssimos», e considera também que as equipas cazaques «não se conseguem bater com as boas equipas portuguesas».
Jogo será disputado em Almaty
Apesar do jogo ser diante do Astana, a partida irá disputar-se em Almaty, cidade que faz fronteira com o Quirguistão e... a China, e situada a quase mil quilómetros da capital, onde se encontra o quartel general da equipa da casa - atualmente em trabalhos de requalificação.
Na ótica dos nossos dois entrevistados, o jogo ser em Almaty só traz vantagens à equipa portuguesa. «Em Almaty não é tão frio. Em Astana já estava muito frio e depois fomos lá para Almaty, jogar a meia final da Taça e estávamos de chinelos e calção. É uma diferença muito grande, andas uma hora e meia de avião e parece que estás num mundo diferente», disse Bruno Silva.
Astana já não é a mesma equipa dominante
Durante muitos anos, a hegemonia do futebol cazaque pertenceu ao Astana. Entre 2014 e 2022, apenas por uma vez a equipa da capital - fundada em 2009 - não se sagrou campeã. Daí em diante, a história tem sido diferente. Depois de, em 2023, o título ter sido conquistado pelo Ordabasy, em 2024 foi o Kairat quem impediu o Astana de voltar aos títulos.
«Eles começaram mal o campeonato, mas depois reforçaram-se com quatro jogadores e melhoraram muito. Depois acabaram por perder o campeonato na penúltima jornada», explicou Pedro Eugénio, que foi o melhor marcador da Liga do Cazaquistão em 2022.
Tomasov, a estrela do Astana
Mesmo sem craques de grande gabarito, há dois nomes conhecidos do futebol português no plantel do Astana: Branimir Kalaica esteve muitos anos ligado ao Benfica, chegando até a ser campeão pelas águias, e Barnes Osei destacou-se em Paços de Ferreira e passou por alguns clubes em solo luso. Porém, a estrela da companhia é o veterano Tomasov.
«O Tomasov é muito bom jogador. Já está lá há alguns anos, até marcou ao Sporting em 2018. É o elemento que faz a diferença.» Esta é a opinião de Pedro Eugénio, corroborada pelo colega Bruno Silva. «Tem 37 anos e é incrível o que ele faz aqui. É, sem dúvida, a referência da equipa.»
Vitória SC procura alargar recorde histórico
Com o recorde de viagem mais longa de sempre das competições europeias já batido, o passo para o Vitória agora é outro: alargar o seu próprio recorde de equipa portuguesa com mais vitórias consecutivas na Europa. A décima está ao virar da esquina.