A Taça de Portugal provou, mais uma vez, ser a grande niveladora do futebol nacional, com a equipa da segunda divisão Vila Real a oferecer uma forte resistência ao clube da Primeira Liga Gil Vicente, antes de ceder por 2-0 nos oitavos de final.
O sorteio colocou a equipa da Primeira Liga a defrontar os 'miúdos' de Vila Real, um confronto que evocava as memórias da época 2018/19, quando o clube local tinha recebido o FC Porto na mesma competição. Desta vez, o palco era o Estádio do Calvário, a fortaleza dos "lobos" de Vila Real, onde os adeptos locais atenderam ao apelo do treinador Vasco Gonçalves para comparecerem em massa.
A Intensidade dos Anfitriões
Como Bruno Pinheiro tinha previsto, o Gil Vicente teria o seu trabalho dificultado no relvado do Calvário. A intensidade e o ritmo impostos pelos anfitriões mantiveram a equipa de Barcelos em sentido defensivo, com dificuldades em se adaptar à superfície sintética. Fisicamente superiores, os jogadores do Vila Real criaram oportunidades suficientes para irem para o intervalo na frente, sendo apenas negados pelos feitos heroicos do guarda-redes do Gil Vicente, Brian Araújo.
Apesar do domínio do jogo, os visitantes viram oportunidades de se libertarem através do remate de João Teixeira e do dinamismo de Tidjany. Mas eram sempre os jogadores do Vila Real que pareciam mais próximos de marcar no primeiro tempo.
A Experiência do Gil Vicente
Na segunda parte, a equipa da casa saiu determinada a manter a mesma intensidade. Foi apenas neste momento que a experiência e a maturidade da Primeira Liga do Gil Vicente se tornaram evidentes, uma vez que foram capazes de abrandar o ritmo, controlar a posse de bola e virar a maré a seu favor. O controlo da construção de jogo por João Teixeira foi fundamental nesta fase.
O golo de abertura do Gil Vicente surgiu de forma algo inevitável, numa jogada que anteriormente não parecia possível devido à sólida exibição defensiva do Vila Real. Este golo desanimou os anfitriões, e com as substituições dos visitantes, o Vila Real não conseguiu manter o mesmo ritmo, acabando por sofrer um segundo golo que selou o resultado.
O Herói Improvável
O inusitado herói foi o lateral-direito do Gil Vicente, Zé Carlos, que marcou o golo inaugural num jogo que se estava a revelar difícil para a sua equipa em quebrar a teimosa defesa do Vila Real.
O Espírito da Taça
Este jogo foi um lembrete do porquê de a Taça de Portugal ser tão estimada - um estádio cheio, adeptos fervorosos e uma atmosfera cativante. Embora o resultado tenha acabado por sorrir ao Gil Vicente, os adeptos da casa fizeram-se ouvir e garantiram que a ocasião vivesse à altura do espírito da competição.