Francisco Farioli, o novo treinador do FC Porto, partilhou as suas impressões sobre a mudança para o emblema azul e branco e delineou a sua visão para o futuro do clube. Em entrevista ao Corriere della Sera
, Farioli esclareceu que o FC Porto se mostrou interessado nele desde janeiro, e que o Mundial de Clubes teve um papel decisivo nessa escolha. Ele revelou: ““O facto do presidente ser um antigo treinador como André Villas-Boas foi decisivo. Não me perguntou nada sobre o fim da época, fui eu que introduzi o tema porque não queria que ficasse algo por dizer.””
Esta abertura e comunicação foram cruciais para Farioli, que procurou estabelecer um entendimento claro desde o início.
Acerca do desempenho inicial do Porto, Farioli não escondeu o seu otimismo. Ele afirmou: ““Desta vez, gostaria de mudar o final, mas sim, começámos bem, como já tinha acontecido em Nice e em Amesterdão.””
O treinador destacou a sua capacidade de adaptação a novos ambientes e a importância de trazer entusiasmo para a equipa, dizendo: ““Sou bastante rápido a integrar-me num novo ambiente e a trazer entusiasmo. Estudo o contexto, apresento-me com um plano e sou flexível para o ajustar. E depois acabo por criar logo ligação com os jogadores mais experientes.””
Reflexões sobre o Passado
Farioli também fez uma reflexão sobre a época em que perdeu o campeonato com o Ajax, analisando os desafios que enfrentou. Ele comentou: ““Como perdemos o campeonato? Grande parte da resposta é indescritível, no sentido em que, se eu lhe disser que tivemos oito bolas nos postes em dois jogos, golos sofridos na compensação e outras circunstâncias inacreditáveis, responde-me que a este nível não se pode atribuir nada ao azar, e tem razão.””
Esta perspectiva revela não só a sua visão sobre a sorte, mas também uma crítica à mentalidade de um clube dominante.
O treinador continuou: ““Não sou supersticioso, mas naquela altura devia ter andado com cornos, trevos e joaninhas, tal era a quantidade de gente a falar abertamente de festas, prémios e desfiles.””
Este relato sublinha as pressões que um treinador enfrenta ao tentar manter a moral da equipa em momentos adversos.
A Cultura dos Clubes
No que diz respeito à cultura dos clubes, Farioli ofereceu uma análise profunda. Para ele, a cultura do Ajax é caracterizada por ser estruturada e organizada, fazendo referência: ““A cultura do Ajax é um futebol posicional, frio e organizado, uma religião. Eu acrescentei espírito de equipa e gosto pela batalha.””
Em contraste, ele descreveu a cultura do FC Porto como algo muito diferente, afirmando: ““A cultura do FC Porto é quase carnal: sacrifício, carrinhos, público em chamas.””
Esta dicotomia entre as filosofias dos clubes é algo que Farioli pretende explorar ao introduzir jogadas mais codificadas no seu estilo de jogo.
A riqueza da cultura do FC Porto desafia-o a integrar a sua filosofia com a essência do clube, enquanto procura inspirar a sua equipa a atingir novos patamares.
Desafios do Futebol Moderno
Farioli também refletiu sobre a evolução do futebol moderno e os desafios que este apresenta. Ele destacou uma experiência com Luis Enrique, dizendo: ““Luis Enrique surpreendeu-me. Em Paris, a determinado momento, numa bola parada, eu mando fazer uma jogada que só tínhamos tentado uma vez num particular de verão, ele viu os primeiros movimentos e saltou do banco para avisar: 'estão a fazer aquela jogada que vos mostrei!'.””
Este comentário evidencia não apenas a constante evolução do futebol, mas também a necessidade de adaptação rápida às novas táticas e dinâmicas de jogo.
Essa evolução contínua exige dos treinadores uma abertura à inovação e uma capacidade de rápida adaptação, algo que Farioli parece levar muito a sério.
A Mensagem Final de Farioli
Para concluir, Farioli deixou um apelo à adaptação e à flexibilidade, afirmando: ““quem se adapta avança. Também no futebol.””
A sua jornada no FC Porto promete ser uma reinterpretação rica da experiência de treinar um dos maiores clubes de Portugal, à medida que continua a integrar a sua filosofia ao estilo único do clube.
Com esta abordagem, Farioli espera não só levar o Porto a novas vitórias, mas também a uma identidade de jogo mais consistente e inspiradora.