O FC Porto atravessa um período difícil na temporada, e as palavras de Rui Quinta, ex-adjunto técnico, oferecem uma visão crítica sobre a situação atual. Ele enfatiza que “os factos mostram que a mudança não produziu efeito nem acrescentou rigorosamente nada ao desempenho da equipa que permitisse ter a ilusão de discutir alguns dos troféus que ainda estavam em jogo”.
A troca do treinador, com Vítor Bruno substituído por Martín Anselmi, não trouxe os resultados esperados. Quinta observa que “a única coisa que restará neste momento é olhar para o que se fez, refletir e aproveitar para crescer, procurando que, no futuro, o clube seja capaz de mostrar mais competência e obter melhores resultados”. Após a sua primeira época sob a presidência de André Villas-Boas, o clube repetiu o terceiro lugar na Liga Betclic, com 71 pontos, atrás dos rivais Sporting e Benfica.
Desafios na Liderança
“Percebo o entusiasmo, a paixão, a dedicação e a ligação umbilical ao clube, mas quem dirige tem de o fazer através das convicções e ideias. Não poderá dirigir pela onda, pela manada ou em função daquilo que parece,” acrescenta Rui Quinta, destacando a necessidade de uma liderança firme e conviccionada em tempos de incerteza. Essa liderança foi questionada quando o FC Porto começou a vacilar na competição, acabando por não conseguir manter o ritmo com o Sporting e o Benfica.
Quinta foi claro sobre as expectativas que surgiram após a promoção de Vítor Bruno, que começou a sua era com uma Supertaça, mas logo viu a situação desmoronar: “Essa expectativa diluiu-se nos meses subsequentes, já que o FC Porto foi afastado pelo Moreirense na terceira eliminatória da Taça de Portugal”. Por sua vez, a equipe também falhou na Taça da Liga e teve dificuldades no campeonato.
Tensão entre Gestão e Resultados
No entanto, a questão da responsabilidade fica clara quando Rui Quinta reflete: “Pergunto-me muitas vezes se queres ter razão ou ser campeão. É a pergunta que deve nortear quem lidera”. Esta frase resume a tensão entre gestão e resultados em um clube que espera constantemente pelo sucesso.
O novo comandante, Martín Anselmi, iniciou sua gestão com uma nova abordagem, implementando uma tática de três defesas centrais, mas Quinta nota uma preocupação significativa: “a equipa cedeu mais pontos desde a mudança técnica do que nos cinco meses prévios com Vítor Bruno”.
O Desafio de Anselmi
Quinta reconhece que as circunstâncias são desafiadoras e que o “grande desafio” de Anselmi é “entusiasmar todos os jogadores com as suas convicções”. O ex-adjunto destaca que “o único impacto é que não entra [tanta] receita”, uma referência à importância económica do desempenho do clube em competições europeias.
Essa falta de receita vem da falha em garantir uma vaga na Liga dos Campeões, colocando o FC Porto, mais uma vez, na Liga Europa, onde, segundo Quinta, “é uma oportunidade extraordinária para procurar outras soluções que, muitas vezes, o dinheiro nem permite pensar”.
Reflexão e Caminho para o Futuro
Diante de tudo isso, Rui Quinta alerta que “é com o trabalho que os jogadores sejam potenciados e conquistem em equipa o que está em jogo”. A necessidade de revisão e reflexão surge como uma prioridade, numa época em que o FC Porto deve questionar seu caminho e decidir como avançar em busca do regresso à glória.