O pontapé de bicicleta de Samu que deu vantagem ao FC Porto no play-off da UEFA Europa League frente à Roma foi mais do que um "golaço". Foi um grito de revolta do avançado espanhol, que não marcava desde dezembro. Desde a sua chegada ao Dragão, Samu tem sido uma montanha-russa de emoções, alternando entre ser herói e vilão.
Da euforia aos momentos turbulentos
Num período inicial, o sorriso do jovem de 20 anos destacava-se nos festejos dos seus golos, bem como a cumplicidade com o ainda mais novo Rodrigo Mora. Porém, quando as coisas se complicaram, Samu começou a evidenciar reações intempestivas, como um soco num painel publicitário, lágrimas ou rasgões na camisola. Na flash-interview após o jogo com a Roma, a fúria de Samu transpareceu nas suas palavras, ainda que mais tarde tenha pedido desculpa.
Um reflexo da temporada conturbada do FC Porto
A montanha-russa emocional de Samu reflete, no fundo, a temporada conturbada do FC Porto. Apesar de dificilmente o plantel ter tido qualidade suficiente para travar Dybala e a Roma, a expulsão de Eustáquio aos 51 minutos comprometeu ainda mais as aspirações portistas. O treinador argentino Martín Anselmi continua a acreditar que tem material de qualidade para melhorar o rendimento da equipa e lutar pelo título, mas episódios como este em Roma serão recorrentes enquanto não houver uma maior confiança e capacidade de liderança no grupo.
Samu resumiu bem a situação, afirmando que «parecemos crianças». De facto, o plantel do FC Porto de 2024/25 é muito jovem e carece de líderes, como demonstra o caso de Eustáquio, com 28 anos e quatro temporadas no clube. Enquanto não houver uma maior maturidade e estabilidade emocional, a «bicicleta de emoções» dos dragões continuará a andar a uma velocidade que não entusiasma nem as próprias crianças.