Personalidade forte e declarações polémicas
Pinto da Costa, que faleceu este sábado aos 87 anos, foi uma figura incontornável do futebol português nas últimas décadas. Presidente do FC Porto durante mais de 30 anos, Pinto da Costa deixou a sua marca indelével no clube e no desporto nacional com uma personalidade forte e declarações polémicas.
Desde o início do seu mandato, em 1982, Pinto da Costa adotou uma postura combativa, desafiando frequentemente a Federação Portuguesa de Futebol e os outros grandes clubes, especialmente o Benfica. Em 1982, no discurso de tomada de posse, já afirmava que «Lisboa não pode continuar a colonizar o resto do país» e que «o desejo deles é que o FC Porto desça de divisão».
Críticas à arbitragem e aos rivais
Ao longo dos anos, Pinto da Costa não se coibiu de criticar abertamente a arbitragem e a Federação, chegando a ameaçar não jogar a final da Taça de Portugal de 1982/83 por considerar que o FC Porto estava a ser prejudicado. «Vamos ver se a direção da FPF [Federação Portuguesa de Futebol] tem coragem de mandar o FC Porto para a II Divisão», afirmou na altura.
O dirigente portista também não poupou os rivais, especialmente o Benfica e o seu presidente da altura, João Vale e Azevedo. «Os ataques de Vale e Azevedo preocupam-me tanto como a caspa», respondeu Pinto da Costa a críticas do líder benfiquista.
Sucessos e controvérsias
Pinto da Costa ficou ainda conhecido pelas suas declarações polémicas e provocações, como quando afirmou, em 1994, que «se estiver aqui uma bomba, eu espero que ela expluda!» após ter sido avisado da chegada da GNR ao Estádio das Antas com o pretexto de uma alegada bomba.
Apesar da sua personalidade forte e das constantes controvérsias, Pinto da Costa conseguiu liderar o FC Porto a um período de grande sucesso, conquistando dezenas de títulos nacionais e internacionais, incluindo a Liga dos Campeões em 2004. «Sinto-me exatamente como me sentia ontem, quando não era pronunciado e era um dos milhares de arguidos deste país. Neste momento espero tudo, porque quando nasceu o Apito Dourado e ouvi as primeiras acusações em tribunal, pareceu-me tudo um filme de ficção», afirmou em 2008, numa referência ao processo judicial em que foi envolvido.
Mesmo nos últimos anos, Pinto da Costa manteve-se ativo e interventivo, criticando frequentemente os árbitros e a Federação. «O Benfica teve dois méritos: melhorou nos túneis e no técnico [Jorge Jesus], que, com a sua maneira de ser, galvanizou o público, que foi atrás da equipa», declarou em 2010.