A lenda do FC Porto
Assinala-se esta terça-feira o 40.º aniversário do desaparecimento de José Maria de Carvalho Pedroto, uma figura incontornável do futebol português e, em particular, da história do FC Porto. Pedroto faleceu a 7 de janeiro de 1985, aos 56 anos, após uma corajosa batalha contra um cancro no cólon.
«Pedroto não foi apenas um treinador brilhante; foi um revolucionário que redefiniu o futebol em Portugal. Introduziu conceitos inovadores, como gabinetes de análise de jogos e estágios antes das partidas, práticas que hoje são comuns, mas que na década de 1980 eram visionárias.»
Alcançar a Europa
Conhecido pelo seu génio tático e visão estratégica, foi o arquiteto de uma transformação profunda no FC Porto, com a histórica chegada do clube à sua primeira final europeia. A 16 de maio de 1984, o FC Porto disputou a final da Taça das Taças frente à Juventus, no antigo St. Jakob Park, em Basileia, um estádio que seria demolido em 1998. Apesar da derrota por 2-1, este marco representou um ponto de viragem na projeção internacional do clube.
«Com Pedroto muito debilitado, caberia ao seu fiel adjunto, António Morais (que faleceria vítima de acidente rodoviário dia 1 de julho de 1989), comandar a equipa nessa final em Basileia. Morais é outra figura incontornável da história do FC Porto, votado a um incompreensível esquecimento.»
O revolucionário do futebol
Pedroto destacou-se igualmente como um médio brilhante, sendo um dos melhores da sua geração. Em 1952, protagonizou a transferência mais cara do futebol português, ao trocar o Belenenses pelo FC Porto por 500 mil escudos (2.500 euros). Com o dinheiro da venda, o Belenenses iniciou a construção do Estádio do Restelo.
«Pedroto era mais do que um treinador. Era um pensador, um estratega e um homem de cultura, que se interessava por política e pela sociedade. A sua personalidade multifacetada, combinada com uma paixão inabalável pelo futebol, fazia dele um líder nato.»
O legado de Pedroto
A sua morte foi um golpe duro para o país, mas também um momento de união. No seu funeral, dezenas de milhares de pessoas prestaram-lhe homenagem, incluindo figuras de todos os quadrantes desportivos e políticos. A presença da equipa do Benfica no velório simboliza o respeito universal que Pedroto conquistou.
«José Maria Pedroto foi também muito mais do que um homem de futebol. Foi um visionário que ousou desafiar o status quo, um defensor incansável dos jogadores e um provocador que trouxe cor e dinamismo ao discurso desportivo num Portugal fechado e cinzento. A sua influência ultrapassa as fronteiras do FC Porto; ele é um património nacional, um exemplo de determinação, inovação e paixão.»