A Mudança de Guarda no FC Porto: Entre o Tradicional e a Modernidade

  1. Sérgio Conceição manteve elevados resultados desportivos mesmo com a gestão deficiente de Pinto da Costa
  2. André Villas-Boas obteve 80,28% dos votos na Assembleia Geral contra 19,52% de Pinto da Costa
  3. Vítor Bruno, antigo adjunto de Sérgio Conceição, foi escolhido como novo treinador do FC Porto
  4. O FC Porto atravessa uma mudança cultural que não se faz de um dia para o outro

Um Desafio Difícil de Suceder


Ninguém esperava que fosse fácil suceder a Jorge Nuno Pinto da Costa no comando do FC Porto. Apesar do evidente declínio nos últimos anos ao nível da gestão, que levou o clube a um enorme buraco financeiro, os resultados desportivos mantinham-se de acordo com os padrões a que o mais longevo de todos os dirigentes a nível mundial habituou os adeptos. E o responsável por isso tinha um nome: Sérgio Conceição.

A maioria dos sócios subscreve as decisões de André Villas-Boas, como se verificou na recente Assembleia Geral, onde obteve uma votação esmagadora de 80,28% contra apenas 19,52% de Pinto da Costa. No entanto, nada garante que a contestação não continue a aumentar. Primeiramente porque o voto não implica silêncio; segundo, porque os que nunca concordaram com Villas-Boas tendem a ser mais ruidosos do que a maioria silenciosa que apenas se manifesta nos fóruns próprios.

A Mudança na Equipa Técnica


Segundo o novo presidente dos dragões, a mudança teria de ser acompanhada por outro homem no cargo de treinador que não Sérgio Conceição. A forma de trabalhar de um e de outro seriam alegadamente incompatíveis, pelo que a escolha recaiu no ex-adjunto Vítor Bruno, que apesar de ter bebido os ensinamentos do seu mestre, é o oposto no resto: polido no discurso, focado apenas no que fazem os seus jogadores sem entrar em discussões com a equipa de arbitragem, bancos adversários ou jornalistas no pós-jogo.

A fórmula é, curiosamente, semelhante à que Pinto da Costa usou em 2011 quando teve de encontrar sucessor para André Villas-Boas, promovendo o então n.º2 Vítor Pereira, e com sucesso pelo menos a nível interno, já que foi bicampeão e ganhou duas Supertaças, explica o artigo. Mas olhando agora para trás, é fácil perceber que serão maiores as diferenças, a nível de metodologia e personalidades, entre a passagem de testemunho atual do que a que ocorreu há 13 anos.

Uma Mudança Cultural


Porque o FC Porto não está apenas a viver uma alteração na equipa técnica, de gestão e de fundamentos, está a passar por uma mudança cultural que não se faz de um dia para o outro, provavelmente nem de um ano para o outro. E só o tempo dirá se Villas-Boas terá sucesso na demanda. Porque se para uns esta era uma necessidade rumo à modernidade, para outros isto poderá representar um sinal de tibieza que vai contra o "Ser Porto".

Simplificando: o grande desafio do dragão do século XXI (e consequentemente de André Villas-Boas) é mostrar que pode manter o ADN sem entrar em caminhos e práticas do passado; que pode vencer sem a guerrilha ou histerismos que diziam mais de quem os fazia ou proferia – mas que, como se viu nas eleições, já não tinham adesão num público que pedia novos ares e não se identifica com o género, preferindo passar por dificuldades agora do que regressar ao tempo das cavernas. explicou o artigo.

Conciliando o Melhor de Dois Mundos


Segundo o presidente da Assembleia Geral do FC Porto, António Tavares, o clube precisa de conciliar o génio tático de Sérgio Conceição com o comportamento de Vítor Bruno. Nunca se sabe como as coisas vão evoluir, e até parece mais verosímil que o atual treinador possa melhorar no que ainda não tem de tão bom do que o ex-técnico melhore no que tem de mau, mas na mente de cada portista surgirá sempre o comparativo que pesa muito mais a favor de um. Aquele que, apesar de tudo, não permitiria o presidente falar ao plantel na sua ausência.

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