O inspetor da Polícia Judiciária, Francisco Portugal, testemunhou esta sexta-feira no julgamento do processo 'Prova Limpa', relacionado com o tráfico e consumo de substâncias proibidas na antiga equipa de ciclismo W52-FC Porto, e chocou ao afirmar que as transfusões de sangue eram uma prática generalizada na equipa. Portugal detalhou que durante as buscas foram encontradas saquetas de sangue em vários locais ocupados pela equipa, como hotéis, residências e autocarros da organização. Além disso, mencionou a participação do diretor financeiro, Hugo Veloso, que reembolsava despesas relacionadas com substâncias dopantes por outros membros da equipa, e do 'patrão' Adriano Quintanilha, que autorizava tais práticas.
O inspetor destacou ainda as escutas entre o diretor desportivo, Nuno Ribeiro, e os ciclistas, onde eram discutidas as substâncias a tomar e os momentos adequados para o fazer. Este testemunho revela a extensão das práticas ilegais no seio da equipa de ciclismo.
Na mesma sessão, João Manuel Pereira Rodrigues, técnico de Farmácia em Vila Nova de Famalicão, admitiu fornecer medicamentos «sem receita médica» a José Rodrigues, diretor adjunto e massagista da equipa. Rodrigues afirmou ter vendido produtos dopantes ao diretor adjunto, apesar de não conhecer bem o uso que este fazia das substâncias.
O julgamento, que teve início em fevereiro, já ouviu onze arguidos, incluindo ciclistas, técnicos de farmácia e outros membros da equipa. A próxima sessão está agendada para 15 de março, continuando a revelar detalhes chocantes sobre o doping no ciclismo.
Estes eventos destacam a gravidade das práticas ilegais no desporto e a importância de combater o doping para garantir a integridade e a ética nas competições desportivas.