João Aragão, um nome que ressoou nas recentes competições de futebol jovem, exemplifica a complexa cruzada entre desporto e educação. O jovem médio, que fez parte da seleção nacional que se sagrava campeã europeia de Sub-17, também se destaca pelo compromisso com os estudos, revelando que “conciliar as duas coisas, admito, é o mais difícil”. A dedicação ao futebol não ofusca a importância da sua formação académica, pois afirma que “o futuro nunca se sabe, não é?”
O atleta é acompanhado pelo apoio da sua escola, a Escola Alberto Sampaio, que possui uma Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE). Esta estrutura na instituição de ensino permite que os jogadores consigam adaptar as suas obrigações escolares ao calendário das competições. “Quando estou fora, conseguem arranjar-me outras datas para os testes. Isso torna tudo muito mais fácil”, explica João.
A Preparação Diária e o Equilíbrio
Ainda na companhia dos livros, a preparação diária de Aragão inclui horários dedicados ao estudo, mesmo durante as intensas semanas de competição. “Essa hora faz parte do nosso programa diário”, partilha, afirmando que se dedica a um estudo extra sempre que pode. Essa disciplina também se reflete no seu desempenho em campo. Ele acredita que as habilidades desenvolvidas na escola têm aplicabilidade nas jogadas: “Há coisas que se aprendem na escola que ajudam, por exemplo, a pensar mais rápido”.
O apoio psicológico desempenha um papel significativo nesta fase da juventude desportiva. Marta Vilela, psicóloga que colabora com atletas do Braga, enfatiza a importância de gerir o tempo livre dos jovens, evitando distrações como redes sociais. “Conciliamos para evitar que eles estejam no telemóvel ou nas redes sociais”, menciona. A pressão para o exercício das suas funções desportivas, especialmente durante competições como o Campeonato da Europa, resulta em necessidades específicas de atenção, que não devem se restringir apenas ao rendimento desportivo.
O Papel das Escolas no Suporte aos Atletas
André Giestas, também psicólogo, partilha que os livros escolares podem atuar como um elemento terapêutico. “Saber que têm uma tarefa, àquela hora, acaba por ter um efeito terapêutico, para esquecer um bocadinho a pressão”. A relação entre educação e desporto é, claramente, uma prioridade para todos os envolvidos. O professor Arnaldino Ferreira ressalta a importância do compromisso que as escolas têm para com os estudantes-atletas, informando que “o Braga é o nosso maior cliente” na UAARE.
Este modelo de apoio não apenas permite aos alunos como João Aragão continuarem a desenhar o seu futuro no futebol, mas também assegura que não negligenciam a sua formação. O professor menciona que estes jovens, quando convocados para seleções, têm soluções adaptadas para compensar as faltas. “Se o aluno não conseguir ir, fazemos um plano pedagógico individual”.
Um Exemplo a Seguir
Um jovem que se apresenta como um exemplo a seguir, João Aragão concilia sua vida atlética com os desafios académicos, abordando com serenidade ambas as áreas. Refletindo sobre a sua experiência, ele vê a conquista do Europeu como uma sensação incrível, exclamando: “Estou muito feliz. Foi inesquecível o dia em que ganhámos na final”.
O testemunho de João revela a força que a disciplina, o apoio familiar e uma gestão eficaz do tempo podem ter sobre o desempenho, não apenas no futebol, mas na vida como um todo. Ao final do dia, é um claro exemplo de que a educação e o desporto não são mutuamente exclusivos, mas sim aliados essenciais na formação de um futuro promissor.
