A questão da propriedade do Estádio Municipal de Braga continua a gerar polémica entre a Câmara Municipal e o Sp. Braga. Ricardo Rio, presidente da Câmara, abordou o tema durante uma entrevista ao podcast Campus Verbal. Ele afirmou que “doar seria uma atitude ofensiva para o que o estádio representou para o Município”, referindo-se ao valor sentimental e financeiro que a infraestrutura possui para a cidade.
Rio destacou que a avaliação do recinto é um tema sério e que o valor de 20 milhões de euros, anteriormente proposto, resulta de uma análise que considera tanto os encargos já suportados quanto os futuros custos de manutenção do estádio. Além disso, o autarca comentou de forma irónica que “se o Sp. Braga vender o Banza já tem dinheiro para comprar o estádio”, numa alusão às negociações cada vez mais insistentes com o Besiktas para a transferência do jogador congolês, que teve uma passagem recente pelo Trabzonspor.
A posição da Câmara Municipal
Ricardo Rio é claro em relação à posição da Câmara sobre a propriedade dos estádios municipais: “Sempre disse que a Câmara de Braga não pode ser proprietária de dois estádios municipais. Isso foi algo que veio com alguma megalomania da época, algum descontrolo”. O presidente da Câmara frisou que o Sp. Braga é “o utilizador natural da estrutura”, especialmente com o desenvolvimento da cidade desportiva, mas reforçou que não deverá haver uma transformação da estrutura em benefício gracioso do clube.
A intenção de Rio é nítida: “O Sp. Braga seria o comprador natural da estrutura, sempre num processo de hasta pública”. Com isto, ele afirma que qualquer transação em torno do estádio não deve ser feita de forma gratuita, mas sim através de um processo transparente e público.
Proposta de doação refutada
António Salvador, presidente do Sp. Braga, já havia sugerido anteriormente que o estádio poderia ser doado ao clube. No entanto, a posição de Ricardo Rio refuta totalmente esta ideia, afirmando que a Câmara não pode abdicar de um ativo que representa um valor significativo para os cofres municipais: “Nunca se vão poder comparar os 20 milhões pedidos com os 200 milhões que foram suportados. Simbolicamente, nunca deveríamos abdicar de uma verba relevante”.
Rio deixou ainda a porta aberta para futuras negociações, mencionando que um “novo autarca que tenha ideias completamente diferentes” poderá mudar a dinâmica das conversas. Essa possibilidade mantém a esperança viva num diálogo produtivo entre o clube e a Câmara, embora a situação atual permaneça tensa.
Futuro incerto do Estádio Municipal
À medida que as discussões continuam, o futuro do Estádio Municipal permanece incerto. Com a potencial saída de Banza a pairar sobre o clube, a capacidade de compra do recinto pode depender da habilidade do Sp. Braga em concretizar um negócio favorável na janela de transferências atual. Esta incerteza reflete-se na relação entre a Câmara e a direção do Braga, evidenciando a complexidade das decisões financeiras que impactam o desporto local.
A tensão entre as partes revela não apenas os interesses económicos em jogo, mas também o valor simbólico que o estádio tem para a cidade e para os adeptos do Sp. Braga. A resolução deste impasse poderá ter implicações significativas para o futuro desportivo da região.