Mal se tinham passado sete dias desde que o antigo árbitro Duarte Gomes alertou para o perigo da violência no futebol, eis que novos incidentes graves voltaram a acontecer. “Nem sete dias passaram para o cenário repetir-se com gravidade, em vários pontos do país,”
lamenta Gomes.
O ex-juiz, atualmente comentador de arbitragem, explica que o regresso aos estádios ainda não é seguro: “Há sempre o risco de alguém mais exaltado dizer (ou fazer) o que não quer ou contagiar outros no mesmo sentido. Há sempre o risco de levar uma cuspidela na cara, um empurrão sem querer, um coro de insultos ou um chega para lá, ao jeito de pequena agressão disfarçada de encontrão casual.”
Incidentes violentos no fim-de-semana
Apesar dos apelos à calma, a violência voltou com força este fim de semana. “O que aconteceu este fim de semana em vários recintos foi mais uma vez inenarrável e devia merecer forte repressão,”
critica Duarte Gomes. No jogo entre Caçadores das Taipas e Arões, o árbitro Ricardo Ferreira foi agredido por um jogador, tendo abandonado o relvado.
Sobre este incidente, o guarda-redes Marco Pinto negou ter agredido o árbitro, assumindo ter partido em direção a Ricardo Ferreira com “a intenção de o intimidar”
, mas frisando que a agressão que lhe apontam foi apenas uma tentativa de agressão
.
Sanções insuficientes
Para Gomes, este tipo de discriminação é inaceitável: “Quem bate ou tenta bater, quem magoa ou tenta magoar, quem coage, insulta e ameaça recorrentemente terceiros, nunca mais devia pôr um pé que fosse num campo, pavilhão, ringue ou pista.”
O ex-árbitro defende “Banimento definitivo, sem apelo nem agravo”
para estes casos.
Infelizmente, o comentador nota que tal não acontece, lamentando que “a maioria das sanções são inferiores ao expectável”
e que “muitos desses bárbaros, ora mascarados de adeptos, ora de outra coisa qualquer, continuam a regressar aos recintos desportivos.”
Apelos à ação
Gomes apela a uma ação concertada das autoridades e instituições do futebol português para combater este flagelo: “A arbitragem, as associações de futebol, a FPF, a Liga, as autarquias, as escolas e sobretudo os clubes têm o dever e a obrigação moral de educarem as suas pessoas com ações de sensibilização constantes.”
O ex-árbitro termina com um desabafo: “Não consigo aceitar que o meu futebol, o meu país, ainda não tenham conseguido mitigar este flagelo que ameaça uma das mais nobres atividades que temos.”