Sporting de Braga suspende futebol de praia após título europeu e domínio nacional

  1. Sporting de Braga foi tetracampeão nacional e campeão europeu de futebol de praia
  2. Sporting de Braga suspende a secção de futebol de praia após grande investimento
  3. Jogadores revoltados com a falta de respeito na decisão da direção
  4. Futuro incerto para jogadores com contratos em vigor no Sporting de Braga

O Sporting Clube de Braga, tetracampeão nacional e campeão europeu da modalidade de futebol de praia, anunciou esta terça-feira a suspensão da sua secção de futebol de praia, uma decisão que abalou o mundo desta modalidade em Portugal.

Os arsenalistas são, a par do Kristall (Rússia), o clube com mais títulos na Euro Winners Cup, com quatro troféus. Dominavam também o panorama nacional com vários jogadores da Seleção Nacional, como os irmãos Martins, Rúben Brilhante, Miguel Pintado ou André Lourenço. O Maisfutebol falou com os dois últimos para compreender o impacto desta decisão e que passos se seguem no futebol de praia português.

«Nunca na vida imaginaríamos que isto fosse acabar»


«Nunca na vida imaginaríamos que isto fosse acabar, sinceramente. Nunca na vida pensei. Tanto que quando li a mensagem até pensei que fosse, sei lá, uma brincadeira qualquer», jura André Lourenço, uma das vozes mais autorizadas do balneário e integrante do lote de capitães.

«Acredito que, também pelo facto de a grande maioria do grupo ter estado na Seleção, não o fizeram antes, para não desestabilizar o grupo. Estávamos numa competição muito importante [n.d.r. Mundial de Seleções]. A minha reação foi de surpresa mas, acima de tudo, revolta. Não tanto pelo clube, mas por tudo o que se construiu», descreve Miguel Pintado, melhor marcador da edição passada da Liga portuguesa.

«Não houve respeito»


«Não houve respeito. Foi aquilo que demos ao clube, dentro de campo, nos treinos, com todo o compromisso e mais alguns, e eles não tiveram o mesmo respeito para connosco. Acho que uma conversa cara a cara, uma reunião com a equipa, é o mínimo que se pode fazer», afirma o fixo André Lourenço, com cinco anos de casa.

Ambos os jogadores visam diretamente António Salvador, presidente do clube e da SAD bracarense. Pedindo mais uma vez respeito, Pintado diz: «A cabeça da instituição é o Presidente, não é? É assim, nós fizemos como nos foi pedido, que era dar tudo, fazer tudo para ganhar, e conseguimo-lo». «É preciso sermos homenzinhos e encarar as pessoas cara a cara, falar e acabou. Também para termos a oportunidade de expressar algo», atira o colega.

Futuro incerto para os jogadores


Os dois não sabem agora o que o futuro lhes reserva. Ir para um clube português com menores condições, ou aventurar-se no estrangeiro? Parecem as duas opções mais prováveis neste momento. Numa modalidade onde a profissionalização é escassa – nem todos os atletas do Sp. Braga eram profissionais -, muitos têm outras fontes de rendimento ou outras profissões.

Miguel Pintado, que conta com 89 internacionalizações e 69 golos, é dentista. «A nível mundial, para a grande maioria dos jogadores, não fazem disto vida a 100%. Tem de haver um plano B, não somos pagos como no futebol», garante.

André Lourenço, com 123 internacionalizações e 49 golos, diz que tem part-time. «Tenho de cumprir as oito horas. Por ser part-time, consigo estar lá e no futebol, mas a prioridade é o futebol de praia», admitindo que a sazonalidade da modalidade obriga-o a procurar um meio-termo, porque por vezes tem de ausentar-se do part-time durante um mês.

Impacto internacional e pedido de ajuda


Sublinhando o impacto que esta decisão teve não só a nível nacional, mas também internacional - «Somos, se calhar, a melhor equipa na história da modalidade» -, André Lourenço e Miguel Pintado consideram que, se não houver intervenção de organismos como a FIFA ou a UEFA no futebol de praia, a modalidade não vai inverter este aparente contraciclo.

«A própria Beach Soccer tem de fazer algo. Tem de olhar para o que está a acontecer com outros olhos. Enquanto não se reunirem e uma UEFA ou FIFA pegar nisto, enquanto toda a gente não remar para o mesmo lado, vai haver mais exemplos destes. E este foi o exemplo maior, mais drástico», lembra Miguel Pintado, que conta com três anos de serviço no clube.

«A própria modalidade, que é espetacular, parece que dá passos para avançar, mas depois sofre destes trambolhões. Equipas como o Sp. Braga, como o Barcelona, ou o próprio Sporting, que era um ícone também do futebol de praia, acabam por descredibilizar cada vez mais a modalidade», acusa o pivô André Lourenço.

Falta de estrutura e formação


André Lourenço pede também esse «impulso» da FIFA e da UEFA, dizendo que, se a organização da modalidade passasse definitivamente para uma destas entidades, isso iria arrastar outros stakeholders. «É sinónimo de maiores prize money's e mais apoio para a formação», exemplifica, reiterando que é preciso «expor bem o produto».

E a incapacidade de formação de novos atletas é exatamente uma das razões que tanto o Sp. Braga como o Sporting alegaram para a suspensão da secção. Lourenço dá o exemplo do sucesso da Liga russa, num país banhado pelo Ártico, mas reconhecida como sendo a melhor do mundo. Curiosamente, com escalões de formação. Miguel recorda o exemplo estónio, que apostou nos pavilhões cobertos para a prática da modalidade.

Esperança de retorno do Sporting de Braga


Questionados se esta decisão do Sp. Braga pode levar a um retrocesso na modalidade a nível nacional, a médio e longo prazo, os atletas preferem manter a «esperança». Até porque os arsenalistas referem, no comunicado, «o desejo de que seja possível, assim os demais stakeholders o queiram e permitam, que o Sporting Clube de Braga volte a acolher e a apoiar o futebol de praia». Veremos.

«Em 2019, fomos campeões mundiais. Depois, o Sporting sai da modalidade e nós ficamos do género, como assim? Somos campeões do Mundo, da Europa, vencemos os Jogos Europeus e eles saem? Afinal, não estamos só aqui a falar de resultados, isto vai para além disso. Já são coisas que não nos competem, porque fazemos o nosso trabalho, ganhamos, esforçamo-nos e felizmente corre bem. Agora, não chega, está a perceber?», indaga o nazareno André Lourenço.

Motivos da suspensão


No comunicado emitido pelo clube nesta terça-feira, a direção do Sp. Braga reitera que, «após devida ponderação», decidiu suspender a já referida secção. «Apesar do grande investimento feito ao longo dos anos, é com mágoa que o Sporting Clube de Braga se vê instado a reconhecer que a modalidade não tem registado, da parte das demais entidades e dos parceiros, a evolução suscetível de garantir a sua competitividade e sustentabilidade, que entendemos estar fortemente comprometida», explicam.

A direção aponta ainda a «forte vertente sazonal» ou a incapacidade de «captação de crianças e jovens» para a modalidade como fatores que suportam esta decisão. Segundo apurou o Maisfutebol, o clube (o futebol de praia estava sob alçada do clube e não da SAD) teve um orçamento a rondar os 300 mil euros na época transata, sendo este o maior de sempre, segundo aquilo que é referido no Relatório e Contas da entidade para a época 2023/24. Já as receitas resultantes da modalidade estavam muito distantes desse valor orçado, pois nem a um terço chegavam.

Críticas à Federação e à modalidade


As críticas implícitas que a direção dirigiu à Federação Portuguesa de Futebol e à Beach Soccer no recente comunicado já estavam expressas no Relatório e Contas (e fazem agora mais sentido) - «Reconhecendo que a valorização da modalidade no SC Braga está em contraciclo com os sinais dados pelas várias entidades que a gerem em Portugal e ao nível internacional, o nosso clube tem alimentado este projeto de forma séria e responsável», garantia o clube que tem construído um campo de futebol de praia.

«Isto foi triste, especialmente pela maneira como aconteceu», lamenta André Lourenço com a concordância do colega Miguel Pintado. Agora, resta procurar uma solução para a carreira longe de Braga. Imagens como a que vemos abaixo ficam para a história.

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