Um exemplo de amor à camisola
No futebol moderno, são cada vez mais raros os casos de lealdade e vinculação prolongada a um clube. Os fatores são variados, mas transversais a grande parte das ligas mundiais - e Portugal não é exceção. No Minho, no entanto, reside um exemplo de amor à camisola: Matheus Magalhães.
Este sexta-feira, celebram-se dez anos desde o primeiro jogo do guarda-redes, atualmente com 32 anos, pelo SC Braga. Contratado ao Américo Mineiro, o camisola 1 aterrou na cidade dos arcebispos no verão de 2014 e por lá se tem mantido desde então. A disputar a sua décima primeira época pelos Guerreiros do Minho, contabiliza duas taças de Portugal e duas taças da Liga no currículo.
Estreia memorável
«Lembro-me que era um guarda-redes muito ágil, ainda o é. Foi uma surpresa muita agradável, não estava à espera que fosse assim tão bom. A verdade é que tem mantido esse rendimento desde o momento em que chegou», recordou Pedro Santos, companheiro de equipa de Matheus por três épocas.
A estreia de Matheus aconteceu a 27 de setembro de 2014, na vitória por 3-0 frente ao Rio Ave. Pedro Santos disputou essa partida (saltou do banco e anotou uma assistência) e lembra-se, principalmente, da agilidade do guardião.
Segurança entre os postes
«É um guarda-redes que aparece nos jogos grandes. Tem estado presente em quase todos os troféus que o clube tem disputado. Sempre demonstrou muita segurança na baliza, as caminhadas que fomos passando tiveram o cunho de Matheus. Fico muito contente pela carreira que tem tido no SC Braga», destacou Pedro Santos.
O extremo enalteceu ainda o «cunho de Matheus» nas vitórias do SC Braga, realçando a segurança do guardião entre os postes.
Referência dentro do clube
Após 58 jogos no comando dos sub-23, Rui Duarte enfrentou o desafio de liderar a reta final do SC Braga na época 2023/24. O treinador destacou o profissionalismo e o carisma de Matheus, um «jogador que foi muito valioso» nessa fase.
«É um bom profissional, chega sempre muito cedo ao clube. São pormenores que revelam o seu empenho. Foi um jogador valioso, sentimos que queria muito ajudar a equipa a vencer. É um jogador com grande carisma dentro do clube e na própria equipa», revelou Rui Duarte.
Competição saudável
O técnico acredita que o guardião tem sido um ponto de referência dentro do clube e revelou que o trabalho potenciado pela «competição saudável» é o segredo que leva Matheus a trabalhar sempre no máximo e a elevar o nível.
«Acho que o segredo do Matheus é ter rivais na posição que o mantêm focado e determinado. Tem competição saudável, que não facilita um milímetro, e obrigam-no a trabalhar forte, a ser ambicioso e a manter-se nesse nível durante tantos anos.»
Sonho de representar Portugal
Estando há tantos em Portugal, é natural que Matheus vá já sentindo o país como seu. De resto, a relação entre o guardião e o território que o acolheu tornou-se ainda mais efetiva em 2020, ano em que o jogador do SC Braga passou a ter nacionalidade portuguesa.
«É uma alegria imensa. Já me sentia português, mas não tinha os documentos. Todos os jogadores têm o sonho de chegar à seleção e agora tenho o privilégio de poder sonhar em chegar à seleção do meu país», transmitiu Matheus, na altura, ao UOL Esporte.
Opção para a seleção portuguesa
O guarda-redes dos minhotos revelou também, de forma curiosa, que Diogo Costa e Rui Patrício, titulares habituais por Portugal, são dois das suas «grandes referências» na baliza, ao lado de Dida, Júlio César e Buffon.
O certo é que Roberto Martínez tem em mãos uma verdadeira dor de cabeça para resolver face à qualidade inegável de guarda-redes que a armada lusa possui. A consistência de Matheus por entre os postes do SC Braga faz com que o guardião seja uma opção para a posição mais recuada da seleção portuguesa.