A Boavista SAD, liderada pelo senegalês Fary Faye, anunciou a declaração de insolvência como a única solução viável para a reestruturação integral do clube. Em comunicado, a sociedade explicou que, face à não homologação do Processo Especial de Revitalização (PER), à quebra significativa de receitas causada pela despromoção administrativa e à falta de soluções extrajudiciais, foi necessário seguir por este caminho.
Fary Faye sublinhou: “Esta opção, já formalizada junto do Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia, representa uma decisão ponderada e estratégica, que foi tomada após ficarem esgotadas todas as alternativas realistas ao dispor da administração, que tudo fez, com rigor e transparência, para evitar este desfecho.” O dirigente reconheceu a “conjuntura económico-financeira de extrema complexidade” na gestão do clube.
Despromoção e Impacto Financeiro
O Boavista, que foi despromovido à II Liga em maio, não conseguiu também inscrever-se nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional devido ao incumprimento de normas financeiras. Neste contexto, a situação da equipa torna-se ainda mais crítica.
A administração alertou que “o licenciamento para a Liga 3 permanece igualmente em risco, devido ao volume de exigências por parte dos credores públicos, cujo impacto é, neste momento, insustentável para a sociedade, não obstante o facto de terem sido liquidados ao Estado, desde junho de 2024, montantes de quase cinco milhões de euros.” Apesar deste cenário, a administração mantém a esperança de encontrar uma solução.
Culpa da Gestão Anterior
Com a declaração de insolvência, a direção remete a culpa para a gestão anterior, reconhecendo que os “constrangimentos acumulados entre 2019 e 2023 - nomeadamente o crescimento da dívida fiscal, a existência de centenas de execuções e ações judiciais pendentes, sucessivos incumprimentos em acordos pretéritos e um passivo herdado - inviabilizaram qualquer solução extrajudicial equilibrada e financeiramente comportável para a realidade atual da sociedade,” apontou a administração.
Apesar do contexto desafiador, a Boavista iniciou hoje os trabalhos de pré-época com exames médicos no Estádio do Bessa, reafirmando o desejo de recuperar. “A administração da Boavista SAD e o seu acionista maioritário reafirmam, em uníssono, o compromisso inequívoco com a recuperação plena da sociedade, independentemente da divisão onde venha a competir, e assumem a responsabilidade de liderar uma nova etapa de reestruturação, com rigor, transparência e ambição, garantindo as condições para um futuro sólido, sustentável e compatível com a história centenária do Boavista.”
Futuro Incerto
A insolvência foi declarada pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, logo após o leilão dos terrenos adjacentes ao Estádio do Bessa, cujo valor atingiu os 5,55 milhões de euros. Assim, a Boavista SAD enfrenta um futuro incerto, mas a administração está comprometida em encontrar um caminho para a recuperação.
“Contudo,” reiteram, “os desafios são enormes, mas a determinação de reerguer o clube é maior.”