Lealdade, um valor em alta no futebol
O futebol é uma modalidade repleta de histórias de jogadores que dedicaram toda a sua carreira a um único clube, tornando-se ícones e símbolos dessa instituição. Nomes como Francesco Totti, Gary Neville, Paolo Maldini, entre outros, são exemplos inspiradores desta devoção. Em Portugal, também temos os nossos casos particulares, e Gilberto Silva é um deles.
Natural de Guimarães, a 294,5 km da Covilhã, Gilberto Silva tornou-se uma lenda do Sporting Clube da Covilhã, clube ao qual dedicou 12 épocas e 440 jogos, um recorde impressionante.
Dos primeiros passos à estreia no Boavista
Gilberto Silva deu os primeiros toques na bola no clube da sua terra natal, Os Sandineses, antes de ingressar nas camadas jovens do Boavista. «Não foi nada fácil. Era um miúdo da terrinha. É complicado sair de casa aos 11/12 anos, principalmente para um sítio que não conhecemos. Por outro lado, foi um voto de confiança e responsabilidade que os meus pais colocaram em mim», recorda o médio.
Gilberto Silva destacou-se na formação do Boavista, chegando a participar no Campeonato da Europa de Sub-17, onde enfrentou nomes sonantes do futebol francês, como Hatem Ben Arfa, Samir Nasri, Jerémy Menéz e Karim Benzema. «Foi completamente impressionante ver a qualidade que eles tinham com aquela idade e mais tarde vieram confirmar», lembra.
Após um empréstimo ao Penalva do Castelo, Gilberto Silva conseguiu estrear-se pela equipa principal do Boavista na I Liga, um sonho tornado realidade. No entanto, tempos difíceis se aproximavam para o clube do Bessa.
A queda e a ida para o Chipre
O Boavista sofreu uma hecatombe, descendo para a (extinta) II Divisão B, depois de uma derrota frente ao Sporting da Covilhã, clube que viria a representar no futuro. «Ao ver o meu trajeto foi uma das coisas que me apercebi. É um sentimento estranho... o futebol tem destas coisas, nunca sabemos o amanhã. Foi uma temporada muito complicada, principalmente porque chegaram muitos estrangeiros que não faziam ideia do quão grande era e é o Boavista», lamentou Gilberto Silva.
Com a descida do Boavista, Gilberto Silva rumou ao Chipre por duas épocas. «Mal o Boavista desceu a primeira vez, pude logo ir. Na altura não quis mudar-me porque queria muito auxiliar o clube naquele momento difícil. Era uma excelente proposta, mas o Boavista significava muito para mim e optei por ficar. Com a queda para a II Divisão B ficou tudo muito indefinido e tive mesmo de sair», explicou.
Gilberto Silva guarda memórias peculiares da sua experiência no Chipre, destacando o momento em que «recebi o meu primeiro ordenado em sacos de supermercado. Ninguém podia tirar a mais, estava tudo contadinho ao pormenor. O presidente era uma pessoa com uma personalidade e comportamentos bastante singulares».
O regresso a Portugal e a chegada ao Sporting da Covilhã
Após as duas temporadas no Chipre, Gilberto Silva regressou a Portugal, ingressando no GD Oliveira de Frades. «Vim embora do Chipre porque tive uma lesão muito grave no menisco e eles não contavam mais comigo. Foi uma fase dificílima da minha carreira, estive ano e meio sem jogar depois. Bati à porta de várias equipas e não tive oportunidade. Pensei em tudo e mais alguma coisa, até em desistir», recordou.
Foi então que surgiu a oportunidade de ingressar no Sporting da Covilhã, clube que se tornaria a sua casa por mais de uma década. «Sou daqui de Guimarães e senti que as pessoas me queriam cá. Entra aqui, também, a minha ligação a esta instituição no passado. Sinto que nunca fiz nada por eles, devido a ter saído muito jovem. Estas coisas do futebol levam-nos a voltar. Esta é a casa onde tudo começou», concluiu Gilberto Silva.
Um ícone do Sporting da Covilhã
Com 12 épocas e 440 jogos pelo Sporting da Covilhã, Gilberto Silva tornou-se um autêntico ícone do clube. «Gilberto Silva, ícone do SC Covilhã, também tem somado momentos especiais. Nascido em Guimarães, a 294.5 km das beiras, o médio deixou uma enorme marca nos serranos», destaca o artigo.
Além de ser o atleta com mais jogos pelo SC Covilhã, Gilberto Silva é também o jogador com mais partidas disputadas na Segunda Liga, um feito impressionante que reforça a sua ligação e contributo para o clube da Serra da Estrela.
O regresso às origens
Após toda a sua carreira, Gilberto Silva acabou por regressar ao clube onde tudo começou, Os Sandineses, de Guimarães. «Sou daqui de Guimarães e senti que as pessoas me queriam cá. Entra aqui, também, a minha ligação a esta instituição no passado. Sinto que nunca fiz nada por eles, devido a ter saído muito jovem. Estas coisas do futebol levam-nos a voltar. Esta é a casa onde tudo começou», concluiu o jogador.