João Diogo Manteigas, candidato à presidência do Benfica, tem sido uma voz influente na discussão sobre a centralização dos direitos televisivos em Portugal. Manteigas levantou questões sérias sobre a concorrência entre as operadoras, afirmando que a situação atual se assemelha à formação de um 'cartel'. “Temos aqui um problema que não falámos e que está ligado à centralização - e a alteração dos quadros competitivos de alguma forma é a solução para este efeito - também, porque há um elefante na sala, que ainda não falámos, que é o cartel. É um tema que já foi debatido e que está a passar um pouco ao lado”, declarou Manteigas em um fórum promovido pela sua candidatura.

O candidato aprofundou a sua crítica, defendendo que o cenário começou a deteriorar-se desde que a Sport TV passou a ser controlada pelas três principais operadoras portuguesas. “Eu não tenho problemas em definir como cartel, porque, ao abrigo da lei da concorrência, as três grandes operadoras em Portugal estão concentradas dentro da Sport TV e, sendo detentoras, em conjunto com a Olivedesportos, de 100 por cento do capital da Sport TV, constituem um cartel para efeitos de concorrência.”

Impacto no Futebol Português

Manteigas não se ficou por aqui. Em suas declarações, ele ilustrou como a falta de concorrência afeta não apenas o Benfica, mas todo o ecossistema do futebol em Portugal. “Quando o Benfica faz o contrato com a NOS há muitos anos, havia concorrência pura entre a NOS e a MEO. Quando o Benfica faz o contrato com a NOS, a NOS beneficia não só dos direitos televisivos dos jogos, mas com a fidelização de clientes, consumidores, marca. A NOS sabe que ao fechar com o Benfica havia muita gente a sair das outras operadoras para a NOS!”, salientou Manteigas.

Essa análise foi reiterada em um vídeo publicado na sua página de campanha, onde Manteigas voltou a afirmar que a falta de concorrência atua em detrimento dos clubes portugueses. “As operadoras em Portugal são um cartel. Não existe uma verdadeira concorrência e esta situação penaliza os clubes portugueses.”

A Necessidade de Debate

Manteigas concluiu afirmando que é essencial que os sócios do Benfica estejam cientes dessa problemática. O candidato almeja gerar um debate ativo sobre os direitos televisivos e a necessidade de um modelo mais competitivo que beneficie não só o Benfica, mas todos os clubes do país. “Quando falamos destes tópicos, o que pretendemos é passar mensagens, informações, estatísticas, para todos pensarem num sistema. O Benfica tem a obrigação de lançar os dados para debate. A MEO e a NOS ganharam muito dinheiro à conta do Benfica”, comentou, refletindo sobre a necessidade de reviver a concorrência no setor.

Perspectivas Futuras

A análise de Manteigas sobre a centralização dos direitos televisivos e o impacto que isso tem na competitividade do futebol em Portugal poderá desencadear uma mudança significativa no paradigma atual. Se a sua candidatura conseguir mobilizar os sócios do Benfica e fomentar um debate substancial, talvez possamos assistir a uma nova abordagem no que diz respeito aos contratos de direitos televisivos e à relação entre clubes e operadoras.

Num momento em que o futebol português enfrenta desafios financeiros e de visibilidade, a proposta de Manteigas pode ser vista não só como uma crítica, mas como uma oportunidade de renovação e reconstrução da competitividade no desporto. A necessidade de um novo modelo que beneficie todos os intervenientes do futebol é mais urgente do que nunca.