Marco Galinha anunciou esta quarta-feira a sua decisão de não se candidatar à presidência do Benfica nas eleições de outubro, considerando que o clube enfrenta um dos momentos “mais difíceis dos últimos 100 anos”. O empresário, que falava à margem de um evento em Cascais, justificou a sua renúncia com a necessidade de proteger o Grupo Bel, que lidera, de uma exposição mediática excessiva que a candidatura poderia acarretar. Galinha criticou a tendência do futebol em colocar “a emoção à frente da razão”, algo que o preocupa.
Galinha sublinhou os riscos para o seu projeto empresarial, que conta com mais de três mil trabalhadores e 80 empresas. “O Grupo Bel atingiu uma dimensão na qual não senti conforto por parte da família e do projeto em si. Havia um grande risco de causar um dano enorme num projeto que tem mais de três mil pessoas a trabalhar e mais de 80 empresas. Era ingrato e injusto ao nível da exposição que isto ia dar. O futebol tem um defeito enorme, que é pôr a emoção à frente da razão, e isso preocupa-me. Não pretendo agarrar uma missão que, se calhar, será a mais difícil do clube nos últimos 100 anos”, afirmou.
Críticas à gestão de Rui Costa
O empresário não poupou críticas à atual gestão do Benfica, liderada por Rui Costa. Apesar de reconhecer o mérito de Rui Costa como jogador, Galinha considera que o seu tempo como dirigente chegou ao fim.
“Rui Costa foi um ótimo futebolista, dos melhores de sempre, mas alguém deveria ter-lhe dito que ele não é gestor. Acho que o tempo dele já acabou. O Benfica necessita de sangue novo, alguém com amor ao clube e com provas dadas. Para se ser presidente do Benfica, não é preciso conhecer tudo do Benfica ao pormenor, só necessita de conhecer uma coisa: seriedade. O futebol é das melhores indústrias portuguesas, tem de ser gerido como um produto assim”, defendeu Marco Galinha, apelando a uma liderança mais competente e profissional.
Busca por um candidato ideal e críticas a Noronha Lopes
Apesar de não se candidatar, Marco Galinha manifestou a sua disponibilidade para integrar uma lista caso surja um candidato que considere ideal para liderar o clube. No entanto, expressou descontentamento com a falta de comunicação por parte de João Noronha Lopes, que voltará a concorrer à presidência.
“Se sentisse que há alguém competente e com provas dadas empresarialmente, eu estava disponível [para integrar uma lista]. Tentei falar duas vezes com o Noronha Lopes, mas deve ser uma pessoa muito importante e nunca quis falar comigo. Foi incorreto e, como empresário, não lhe reconheço mérito. As empresas dele nunca deram lucro e o Benfica não precisa disso, precisa de alguém competente”, criticou Galinha, demonstrando a sua insatisfação com a postura de Noronha Lopes.
Análise da final da Taça de Portugal e a postura do Benfica
Marco Galinha também comentou os acontecimentos recentes, incluindo a final da Taça de Portugal e o comunicado do Benfica sobre um lance polémico. O empresário classificou o incidente como “um ato criminoso” e “uma agressão”, defendendo que o presidente do Benfica deveria ter defendido mais os jogadores.
“O que aconteceu é um ato criminoso. É uma agressão e penso que o presidente tem de defender mais os jogadores. Não pode haver injustiças constantes e tem de ser crítico. O Benfica devia ter atuado muito antes”, considerou Galinha, criticando a resposta do clube face à situação.
O futuro do Benfica e a saída de Bruno Lage
Em relação ao futuro do Benfica, Marco Galinha defendeu a saída do treinador Bruno Lage, sugerindo nomes como Rúben Amorim ou Sérgio Conceição como possíveis substitutos.
“O Bruno Lage é uma pessoa que lhe reconheço alguma fibra, pessoa competente e trabalhadora, mas o lugar dele não é no Benfica. Já devia ter saído e acho que já não é solução. Não tenho nada contra ele, mas já está fora de tempo”, afirmou Galinha, reforçando a sua convicção de que o clube necessita de uma mudança no comando técnico.