À saída do tribunal, o antigo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, abordou a venda das suas ações ao empresário Jean-Marc Chapus e a suposta incompetência do clube em garantir a sua aquisição. Segundo Vieira, “Houve incompetência do Benfica em não ter ficado com elas. Se me têm telefonado, de certeza que ficavam com as ações. Bastava telefonarem para mim que ficavam com as ações. Se houve amadorismo? Claro que houve”. A situação tornou-se mais complicada quando o clube anunciou a sua intenção de adquirir as ações que correspondiam a 3,28% da SAD encarnada, as quais foram penhoradas ao ex-presidente no âmbito de um processo executivo. O clube esclareceu que “informou os seus sócios e adeptos que tem vindo a acompanhar... o processo... onde foram penhoradas ações detidas por Luís Filipe Vieira”.
Vieira, no entanto, não se limita apenas a criticar a situação das ações. Durante o julgamento do processo Saco Azul, defendeu a sua gestão e a confiança nas pessoas com quem trabalhou. “Conheço perfeitamente as pessoas que estão no Benfica. Fazer um contrato para desviar dinheiro do Benfica era impossível. Não é convicção só por gostar dele. É uma confiança lúcida, por decisões que tinham sido tomadas, que iam sempre ao encontro do que estava acordado”, sublinhou. Esta afirmação vem na sequência de seu orgulho pelo trabalho desenvolvido durante a sua presidência, onde destacou a importância da profissionalização do clube. “Quando cheguei ao Benfica, percebi que a mais-valia que podia dar era profissionalizar o Benfica”, disse.
Redução da Dívida do Clube
Um dos pontos destacados por Vieira foi a redução significativa da dívida do clube durante seu mandato. “O Benfica chegou a ter um pico de endividamento de 380 milhões de euros. Quando saímos, a dívida já estava abaixo dos 100 milhões. O Benfica foi bem gerido e eles tiveram uma quota-parte nisso. A SAD teve sempre um resultado positivo”, afirmou, ressaltando que a sua gestão trouxe inovações significativas e deixou um legado no clube. As suas declarações ocorreram num contexto em que se discute a acusação de fraude fiscal e falsificação de documentos, no qual Vieira e outros arguidos estão envolvidos.
Próxima Sessão do Julgamento
A próxima sessão do julgamento está agendada para o dia 14 de maio, e a continuação da inquirição promete trazer mais revelações sobre o que foi considerado um dos períodos mais turbulentos da história recente do Benfica. No entanto, a confiança de Vieira em sua equipe e na sua gestão permanece evidente: “Tenho muito orgulho no trabalho que desenvolvemos até à minha saída. Éramos um exemplo em termos europeus e muitos clubes tentaram-nos copiar”. Enquanto o julgamento prossegue, a controvérsia em torno das ações de Vieira e a questão da gestão no Benfica continuam a ser tópicos centrais nas discussões sobre o futuro do clube.
