Nandinho, agora conhecido como Mandinho, recorda com carinho os tempos de jogador, em especial os três anos no Salgueiros e os dez anos em Barcelos. Atualmente, Mandinho é treinador no Barém, ao serviço do Al-Muharraq.
Em entrevista, Mandinho partilhou as suas memórias mais marcantes da sua carreira como jogador, abordando passagens por clubes como Salgueiros, Benfica e Gil Vicente.
Memórias de um Jogador Apaixonado
Questionado sobre a melhor memória que tem dos tempos de jogador, Mandinho recorda: “Tive muitos momentos bons. Passei três anos fantásticos no Salgueiros, num ambiente muito familiar que caracteriza a tal alma salgueirista. Também estive num grande clube como o Benfica. E apesar das coisas não terem corrido bem profissionalmente, porque joguei pouco, tive a oportunidade de conhecer grandes profissionais, grandes craques, e de fazer muitas e boas amizades. Em Guimarães estive três anos e criei também grandes laços e em Barcelos quase dez anos, entre jogador e treinador, numa grande relação. Em todos os clubes tive momentos especiais, bons. E outros menos bons.”
A Passagem pelo Benfica e a Falta de Paciência
Sobre a passagem pelo Benfica, onde jogou pouco, Mandinho assume alguma responsabilidade: “Não consegui impor-me, um pouco também por culpa minha, porque tive alguma falta de paciência. Se tivesse tido mais maturidade tinha aguentado mais tempo e as coisas até poderiam ter funcionado. Poderia ter-me imposto. Mas as coisas são como são...”
Mandinho recorda que o principal rival na sua posição era Poborsky, um grande jogador. “Sim, era. Mas o problema não era esse. O problema é que, quando ele não jogava, por estar magoado ou lesionado, o Souness, que era o treinador, preferia pôr o Hugo Leal ou o Pringle. Punha vários jogadores ali à direita.”
O Espírito Competitivo e o Difícil Feitio
Mandinho confessa que também tinha um feitio difícil enquanto jogador: “Porque era um jogador muito competitivo. Sempre o fui, mesmo nos treinos, porque não gosto de perder nem a feijões. Os treinos para mim eram como jogos. Para mim era tudo competição, era querer ganhar em tudo. E às vezes isso acaba por criar algum conflito porque depois encontrava outros como eu, que também não gostavam de perder. Não era fácil para os treinadores, às vezes, lidar com jogadores com essa forma de estar tão competitiva. Por vezes acaba por provocar algum ‘frisson’ e tem que se saber lidar com isso.”
A Liderança de Mandinho como Treinador
Sobre o treinador Graeme Souness, que o treinou no Benfica, Mandinho diz: “É difícil para mim falar do Souness, agora que estou deste lado. Na altura custava-me a perceber algumas decisões dele, mas se calhar hoje percebo-as um pouco melhor, porque estou deste lado de cá. Ele era um treinador que tinha um grande passado como jogador, um pouco na base daquela escola inglesa à antiga, com muito trabalho físico. Um tipo de futebol que hoje já não se pratica muito, nem mesmo em Inglaterra, que já tem imensos jogadores com uma grande capacidade técnica”, comenta Mandinho, descrevendo depois sobre si próprio, o estilo de liderança que pretende aplicar no trato diário com os jogadores que orienta. “O meu é um estilo de liderança tranquilo, em que tento criar empatia com os jogadores. Eles sabem que têm liberdade, mas que esta requer responsabilidade também. Tento percebê-los enquanto jogadores, mas também enquanto pessoas”, afirma.